Internacional

«Feroz»

Estalinegrado foi há meio século. A ofensiva do Tet há trinta anos. A grande batalha de hoje foi em Mossul.

Duzentos soldados americanos da 101ª Divisão de Infantaria. Apoiados por forças especiais. Cerca, portanto, de um batalhão. Umas quinhentas espingardas automáticas, não menos de quarenta metralhadoras pesadas e uma centena de morteiros. Há ainda os rockets de infantaria.

Tendo em conta a estrutura das brigadas americanas, no mínimo também umas trinta viaturas blindadas. Compreendendo pelo menos uma dezena de tanques com artilharia de 80mm.

«A mentira»

Meio mundo acompanha o sarilho em que está metido o Primeiro-ministro Tony Blair a propósito da falsidade das justificações dadas ao Parlamento e ao povo britânico. O caso complicou-se com a morte do perito governamental em armas químicas e biológicas que denunciou a falcatrua à BBC, pondo a nu toda a manobra de falsificação do governo britânico para justificar as suas opções belicistas. Uma comissão de inquérito parlamentar está a investigar o caso e já há quem diga que Blair devia apresentar a demissão.

Iraque: o Governo deve explicações ao povo português, à Assembleia da República e ao Presidente da República

Quatro meses após a invasão do Iraque não se pode deixar de retirar as respectivas consequências e de pedir responsabilidades ao Governo português que fazendo suas as pseudo provas de Bush e Blair, mentiu ao povo português, ao Presidente da República e à Assembleia da República, e atrelou o nosso país a uma guerra ilegítima a pretexto de libertar o mundo da ameaça de armas de destruição massiva.

«O relatório»

Existe uma vasta bibliografia sobre os serviços secretos norte-americanos e a sua história. Avultam os livros escritos por ex-operacionais, quase sempre visando ajustes de contas pessoais ou simplesmente proventos financeiros, tal como se multiplicam as obras promovidas de uma forma ou de outra pelas próprias agências e nas quais se exaltam com manifesta falta de rigor duvidosos heroísmos e ainda mais duvidosas eficácias.

«O disparate»

Tendo discordado da agressão ao Iraque e do envolvimento português nela, evidentemente discordo também que haja nele escaladas, muito especialmente envolvendo participação armada de forças nacionais.

«A vedação»

Na sua essência, o problema é em betão. Tem cerca de nove metros de altura e o topo coberto de arame farpado electrificado. No chão, igualmente se estende uma densa rede de arame farpado e distinguem-se numerosas guaritas. Está previsto ter uns mil quilómetros, sensivelmente a distância entre Lisboa e Barcelona.

O problema tem outro problema, pelo menos em inglês: o nome.

«Foi pena...»

Durão Barroso viajou para Washington, buscando uns empregos de governador civil nos subúrbios de Baçorá para alguns amigos necessitados de colocação, bem como umas migalhas para alguns empreiteiros agora sem fundos comunitários.

Contudo, Durão cometeu um erro de tomo: não levou consigo o director do Público.

Esclareça-se, a ideia não era que José Manuel Fernandes fosse embedded na comitiva barrosista: Durão Barroso perdeu, isso sim, a soberana oportunidade de chegar à Sala Oval e dizer, familiar: «George, trago-te aqui a solução de um dos teus problemas!»

«Maciço barrete»

A BBC divulgou elementos segundo os quais o Governo Blair viciou informações sobre as armas de destruição maciça iraquianas.

A questão já seria de tomo, mas há pior. Paul Wolfowitz, braço-direito de Rumsfeld, declarou linearmente esta semana que a Casa Branca também mentiu. Usou mesmo a espantosa expressão «por razões burocráticas» para explicar porque é que Colin Powell mentiu na ONU, os EUA mentiram na NATO, a todos os seus aliados e a todo o mundo: era um tema que poderia granjear o apoio de «todo o mundo» à agressão. Só que sabiam perfeitamente que o alegado perigo não existia.

«Qual diferença?»

Discutir se se envia para o Iraque uma força da GNR, PSP, Exército ou Marinha é, quanto ao fundamental, inteiramente irrelevante. Fundamental é que haverá em território iraquiano cidadãos portugueses em armas, preparados e enviados para as usarem, integrados num exército de ocupação e sujeitas inevitavelmente ao seu comando. Configura, sim, uma escalada inequívoca e grave no envolvimento de Portugal no conflito.

«Não»

Os textos de António Ribeiro Ferreira enviados de Bagdad levantam questões que não podem ser ignoradas.

Nem do ponto de vista político, nem do ponto de vista ético, nem do ponto de vista profissional.

Não estão em causa as opiniões de Ribeiro Ferreira acerca do conflito no Iraque.

Foram de incontido apoio à intervenção americana, ultrapassando por vezes talvez o razoável e evidenciando uma cegueira e um sectarismo difíceis de aceitar.

Trata-se, contudo, do exercício de um direito que inquestionavelmente lhe assiste.