O PCP expressou já claramente a sua firme oposição ao envio de uma força militar portuguesa para o Líbano. A posição favorável do Conselho Superior da Defesa Nacional a um tal envio em nada altera esta oposição do PCP, vindo entretanto reforçar preocupações quanto a orientações seguidistas em matéria de política externa e de defesa nacional que, em contradição com o preceituado na Constituição, estão a envolver perigosamente o país em operações de agressão e teatros de guerra que nada têm a ver com os interesses dos portugueses e a causa da paz.
O PCP chama a atenção para o facto de que a posição do Governo nem sequer respeita os pressupostos e condições que publicamente anunciou, nomeadamente em relação ao mandato e objectivos da missão, o que, como é público e notório, constitui um problema particularmente sensível.
O PCP sublinha uma vez mais que nem a condição de membro da União Europeia nem a de membro das Nações Unidas obrigam ao envolvimento militar de Portugal no Líbano, além do mais no quadro de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que não condena Israel, não exige a sua retirada do Líbano, não menciona sequer os crimes que quotidianamente as tropas israelitas continuam a cometer nos territórios ocupados da Palestina.
O PCP considera que a melhor contribuição que Portugal pode dar para a paz e a segurança internacional é bater-se, de acordo com o preceituado no artigo 7º da Constituição da República, contra todas as formas de colonialismo e imperialismo, pelo desarmamento, pelo respeito da soberania dos Estados e a solução negociada dos conflitos, pelo respeito do direito internacional que, com toda a evidência, nem Israel, nem os EUA, nem as grandes potências da União Europeia estão a respeitar no Médio Oriente. A contribuição que Portugal pode dar reside, não no seu envolvimento militar, mas sim em agir com perseverança no plano político e diplomático pela solução do problema nacional palestiniano, o problema central de toda a região, exigindo a retirada de Israel de todos os territórios árabes ocupados em 1967, o fim dos colonatos e do muro, a libertação dos milhares de presos e o regresso dos refugiados, a implementação das resoluções da ONU que reconhecem ao povo palestiniano o direito ao seu próprio Estado independente e soberano com capital em Jerusalém.