Intervenção de Bernardino Lima, Encontro Nacional do PCP «Do papel e política do Estado aos meios necessários. Uma outra política de Protecção Civil»

O Movimento Associativo dos Bombeiros

O Movimento Associativo dos Bombeiros

Somos Associações Humanitárias, proprietários de bens imóveis – quartéis, viaturas, máquinas de elevadíssimo valor, responsáveis por colocar ao serviço da população os meios indispensáveis à prestação de socorro imediato.

Somos eleitos em Assembleia Geral eleitoral por um número pouco significativo de associados, 206 num universo de 3.000 sócios ou seja cerca de 7,0% dos sócios. No último acto eleitoral em V. Franca de Xira, dos associados votantes, 133 elegeram com mais de 65 % a lista vencedora. E foram as eleições mais participadas de sempre.

Antes de chegarmos, as Direcções durante mais de 30 anos eram eleitas com pouco mais de 40 votos, cerca de 1,5% dos sócios.

Somos os substitutos por excelência do Estado, que deixa de ter a preocupação de prestar todo o apoio que as populações precisam, “delegando” nas Associações Humanitárias de Bombeiros as responsabilidades da primeira linha no ataque aos acidentes, incêndios, inundações, e demais catástrofes.

O Estado esquece propositadamente o Transporte de Doentes Não Urgentes, cujos utentes, por falta de meios públicos ou privados, se servem dos bombeiros para serem levados às hemodiálises, às consultas externas nos hospitais, e inclusive a alguns encontros de família, que sem a ajuda dos bombeiros inviabilizam a sua saída de casa, uma vez que as cadeiras de rodas e a falta de elevadores nas habitações não deixam outra alternativa que não seja o total isolamento, caso os bombeiros não tenham também disponibilidade para este serviço social.

Face ao deficiente apoio do Governo, no que aos meios financeiros disponibilizados aos Bombeiros dizem respeito, são inúmeras as Associações Humanitárias em falência técnica, incapazes de se autofinanciar, mesmo com o aval pessoal dos Corpos Sociais.

As AHBV no seu conjunto têm um défice superior a 113 Milhões de euros. Se não o gastamos mal gasto, quem está a ficar com o nosso dinheiro? Quem não nos paga o que deve para existirmos e prestarmos o socorro necessário?

Há AHBV a pedir empréstimos bancários para pagar electricidade, por falta de liquidez de curto prazo.

E a previsão para o próximo ano é que inflação + aumento salários + aumentos gerais = 9,9 % . Como vamos fazer face a este aumento?

Este também um dos motivos pelo qual as Direcções se eternizam no poder uma vez que, perante este cenário, não há “carolas” que os queiram substituir.

Dirigentes das Associações de Bombeiros e Voluntariado

Os Corpos Sociais das AHB Voluntários são constituídos maioritariamente por pessoas reformadas, e por isso com algum tempo disponível para dedicar à Associação.

Acontece que uma Associação que já tem orçamentos de cerca de um milhão de euros não se compadece com amadorismo, e nota-se cada vez mais a necessidade da profissionalização de um membro que seja o elo de ligação privilegiado entre a Direcção e o Comando do Corpo de Bombeiros. E nunca defenderemos que esse elemento seja o seu Presidente.

De preferência esse cargo deve ser ocupado por um ex-bombeiro, que conheça toda a mecânica da Organização, quer a nível da Direcção quer do Corpo de Bombeiros e que coordene e organize todas as ligações com o Comando, as fiscais e financeiras, as contabilistas, as com empresas externas e ainda que consiga “vender” na sua área de acção a capacidade formativa da Associação. Este factor, que é de primordial importância, pode e deve ser uma mais valia nas contas da Associação. Deve ser alguém que traga novas ideias sobre funcionalidade, novos aproveitamentos de tempos livres, e novas formas de ganhar dinheiro para a Associação que tão necessitada está desses meios financeiros.

Poderá ser por aqui que as Associações consigam colmatar a deficiência que Comandos e Governos tem tido e que estão a asfixiar financeiramente a sua capacidade interventiva. Não podemos esperar que associados que pagam quotas mensais de 1,5 €, tenham capacidade monetária para financiar a Associação, de que são donos, em tudo quanto estas pretendam evoluir quanto a viaturas e instalações digam respeito.

A Direcção tem feito a sua parte, alugando o espaço que tem disponível, fazendo bailes, Noites de Anos 80, Rumba, Noites de Fados, Vacadas, Colete Encarnado e Feira de Outubro. É também assim que colmatamos as deficiências e conseguimos fazer face às despesas diárias e aos imprevistos que sempre acontecem.

Não nos cansaremos de tentar fazer mais e melhor e por isso vamos recandidatarmo-nos às próximas eleições, uma vez que não gostamos de deixar coisas a meio.

Disse.

  • Segurança das Populações
  • protecção cívil