A Administração da Galp consuma hoje o encerramento da Refinaria de Matosinhos com a paragem da laboração.
Desde o anúncio do encerramento da Refinaria, em Dezembro passado, a intervenção e luta dos trabalhadores deixou ainda mais claro que se está perante um crime contra os interesses nacionais, de destruição do aparelho produtivo e de emprego qualificado, e de aumento da dependência externa do país.
Os responsáveis por esta inaceitável decisão são vários: desde logo os principais accionistas da Galp, cuja única preocupação é o aumento de lucros e a distribuição de chorudos dividendos, mesmo que à custa do interesse nacional; mas também o Governo do PS, que apoiou incondicionalmente os desejos dos donos da Galp e que não só prometeu apoios públicos ao encerramento e negociou o acesso deste grupo aos fundos comunitários que aí vêm, como se lançou na defesa ideológica do encerramento sem qualquer hesitação, tendo sido acompanhado nesta matéria por PSD e CDS, partidos igualmente responsáveis pela privatização e liberalização do sector energético e que, uma vez mais, se submeteram aos superiores interesses dos accionistas da Galp; e indissociável de tudo isto as políticas da União Europeia que têm arrasado parte da capacidade produtiva e industrial do País, pagando para tal como é o caso.
O Governo, a Galp, a UE têm alimentado a ilusão de que esta decisão serve objectivos ambientais. Não serve. O facto de o País passar a importar o que hoje produz não altera em nada a produção global de gases com efeito de estufa. Aumenta isso sim a produção desses gases pelo acréscimo da necessidade de transporte de um vasto conjunto de mercadorias. A necessária protecção do ambiente não passa por aqui.
Amanhã, quando o País tiver que importar o alcatrão necessário para as suas estradas (e já ninguém se lembrar de um Ministro que prometia fazer alcatrão com hidrogénio), quando as indústrias nacionais tiverem de importar os óleos base, as ceras e os aromáticos, quando a região Norte do País passar a ser abastecida a partir do pipeline espanhol, ou quando um problema em Sines colocar o País dependente de Espanha para o fornecimento de jetfuel, gasolina e gasóleo, nessa altura será todo o País a pagar o preço desta opção criminosa.
Uma opção que, a não ser travada, levará à concretização de novas medidas de destruição da capacidade produtiva nacional, não sendo de excluir uma nova investida, desta vez sobre a última refinaria que restará ao País, a de Sines.
O PCP saúda a luta dos trabalhadores da Petrogal. Que lutam em defesa dos seus postos de trabalho, mas lutam igualmente em defesa da produção nacional e da soberania nacional. Uma luta na qual o PCP está empenhado e que terá de continuar, pela reabertura da refinaria hoje encerrada, pela defesa dos postos de trabalho, pelo desenvolvimento e futuro do País.