sobre a resolução do Parlamento Europeu 'as inundações devastadoras na Europa Central e Oriental, a perda de vidas humanas e a capacidade de resposta da UE a estas situações de catástrofe agravadas pelas alterações climáticas'
As inundações e outros fenómenos meteorológicos extremos, como a seca, os incêndios, tornados, a sua cada vez maior recorrência, são indissociáveis de opções políticas assentes numa desadequada relação do homem com o ambiente, que esgota recursos e mercantiliza a natureza.
A resolução, abordando a resposta a estes fenómenos, não alude em algum momento às causas de fundo que estão na sua origem. Apontando apenas o dedo às alterações climáticas, omite as razões que as potenciam, desde logo as opções de política produtiva. Nem uma palavra sobre as consequências da Política Agrícola Comum, que promove a monocultura, um indadequado uso do solo, acrescendo ainda a concentração produtiva, os baixos preços pagos à produção. Em Portugal, com brutal redução da superfície agrícola útil, destruição de centenas de milhares explorações agrícolas e postos de trabalho, abandono e desertificação do território. É preocupante que a este pretexto, se procurem ainda introduzir mais condicionalismos e afunilamentos do uso das verbas da coesão.
Será na promoção de uma ocupação equilibrada do território e de um desenvolvimento económico e social coeso, assente na valorização da produção nacional e dos pequenos e médio produtores, respondendo às necessidades de soberania alimentar, combatendo dependências externas, em equilíbrio com a natureza, que encontraremos os factores decisivos para prevenção destes fenómenos.