Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro,
Se os dados da economia estão melhores como diz o Governo, se o crescimento da economia vai de vento em popa, não considera que é um problema isso não ter tradução na vida das pessoas?
Se a economia cresce, se cria mais riqueza, mas se os trabalhadores e as famílias estão a empobrecer a trabalhar, alguém se está a apropriar dessa riqueza. E não são os trabalhadores que vivem cada vez com mais dificuldades. Quem acumula lucros e enche os bolsos são os grupos económicos, em particular na banca, na distribuição, no setor energético, segurador e nas comunicações.
O Governo que impõe a perda de poder de compra dos trabalhadores e dos reformados, é o mesmo que favorece a acumulação de lucros dos grupos económicos, diga-se com o apoio do PSD, CDS, IL e CH. Em matéria de escândalos aí está o dos lucros obtidos à custa do sacrifício dos salários e das pensões.
A recusa do Governo em controlar e reduzir os preços de bens e serviços essenciais e em recuperar a perda de poder de compra perdido, está a empurrar os trabalhadores e os reformados para a pobreza e está a agravar as desigualdades e as injustiças.
Os trabalhadores e os reformados exigem respostas estruturais e não medidas pontuais e avulsas como as que têm sido adotadas.
Se a economia cresce, como afirma, porque é que o Governo não aumenta o salário mínimo nacional para 850 euros, porque não valoriza efetivamente os salários dos trabalhadores da administração pública, com a respetiva valorização do poder de compra, porque não põe fim à caducidade da contratação coletiva, para permitir a valorização geral dos salários? O Governo tem condições para adotar estas soluções, porque não o faz?
E porque não valoriza o poder de compra das reformas e pensões? Sabe tão bem quanto nós que nas reformas mais baixas, o aumento de preços de bens essenciais tem uma expressão maior, aumentos que são bem superiores aos da inflação, como se verificam em alimentos básicos.
Por mais que procure fazer crer o contrário, o Governo mantém o modelo assente em baixos salários, que não permite a melhoria das condições de vida de quem vive do seu trabalho, enquanto para uma meia dúzia são uns “mãos largas”.
É com este caminho que é preciso romper.
Não há desenvolvimento e progresso, sem a valorização do trabalho e sem a valorização dos salários e das reformas e pensões!