Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os perigos da escalada de guerra no Médio Oriente

O PCP alerta os trabalhadores e o povo português para a perigosa situação que está a ser criada no Médio Oriente pelos sectores mais belicistas e aventureiros do imperialismo, incluindo a ameaça de uma nova guerra que, a não ser evitada, terá consequências incalculáveis, que ultrapassariam o âmbito desta região.

Os perigos de um novo conflito no Médio Oriente são inseparáveis da violação e desvinculação da Administração norte-americana de Trump, em Maio de 2018, do chamado Acordo 5+1 sobre o Irão e da escalada de sanções que os EUA impuseram, à margem do direito internacional, não apenas contra o Irão, mas contra todos quantos mantenham relações comerciais com este país.
A recente apreensão do petroleiro iraniano Grace 1 pelo Reino Unido representa um acto de pirataria, uma agressão que se insere na política de bloqueio e cerco contra um país soberano – com evidentes paralelos com os bloqueios impostos pelos EUA a Cuba, à Venezuela ou à RPD da Coreia.

Neste contexto, é tão preocupante, como inadmissível, a ameaça de recurso a armas nucleares, como o fez recentemente Donald Trump, Presidente dos EUA, ao referir-se à existência de “planos que aniquilariam o Afeganistão da face da terra em dez dias”, provocando “a morte de 10 milhões de pessoas”. Uma ameaça tanto mais grave, quando proveniente do Presidente do único país que já usou armas nucleares faz 74 anos, contra as cidades de Hiroxima e Nagasáqui.

A gravidade da situação no Médio Oriente é também inseparável do autêntico salto qualitativo da Administração norte-americana na violação de todas as resoluções da ONU sobre a questão palestiniana. O anunciado ‘Acordo do Século’ mais não visa do que impor a negação dos legítimos, inalienáveis e internacionalmente reconhecidos direitos nacionais do povo palestiniano e premiar décadas de crimes e violações da legalidade internacional por parte de Israel.

O PCP alerta igualmente para a gravidade dos sucessivos ataques à Síria, mas também ao Iraque, levados a cabo pelos EUA e seus aliados, nomeadamente Israel. A banalização destes actos de guerra é inseparável da recusa pelo imperialismo em aceitar a derrota dos seus agentes de subversão na Síria – inserida naquilo que cinicamente designam como ‘Novo Médio Oriente’ – e da vontade de perpetuar a fragmentação e pilhagem daquele país.

O PCP condena ainda o prosseguimento da cruel guerra da Arábia Saudita e outros países do Golfo contra o Iémene, com a participação directa das grandes potências da NATO, provocando uma das maiores catástrofes humanitárias dos nossos dias.

Ao mesmo tempo que alerta para os perigos da escalada agressiva no Médio Oriente, o PCP considera que o Governo Português tem a obrigação política, constitucional e moral de combater os planos de guerra dos sectores mais belicistas do imperialismo.

Seria inaceitável que Portugal se tornasse cúmplice dos planos já anunciados de criação de uma denominada força naval de intervenção no Golfo. Pelo contrário, Portugal deve desvincular-se de toda e qualquer escalada militarista ou acto de guerra no Médio Oriente, seja no âmbito da NATO ou da União Europeia.

O PCP apela ao reforço da luta pela paz e da solidariedade com os povos que são vítimas de agressões e guerras imperialistas, desde logo os povos e forças progressistas do Médio Oriente. A resistência desses povos e países é um factor importantíssimo para travar os planos de guerra levados a cabo pelo imperialismo norte-americano e seus aliados e impedir a corrida para o abismo.

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