Não foi por causa de uma dita “fragmentação” do espaço ferroviário ‘europeu’ que Portugal perdeu a sua ligação internacional ferroviária, recuando 100 anos. Ou que perdeu 1200 quilómetros de linhas férreas. Isso aconteceu no quadro das políticas da União Europeia, que promoveram o desinvestimento público neste sector estratégico.
É preciso discutir as consequências das políticas da União Europeia e dos seus pacotes ferroviários no desmembramento e fragilização do sector, favorecendo um caminho de privatização e concentração nas mãos das multinacionais.
É neste quadro da ‘sagrada’ liberalização que se discute em Portugal a criação de mais uma Parceria Publico-Privada para a alta velocidade entre Lisboa e Porto, quando o financiamento já está garantido pelo Banco Europeu de Investimento.
Privatizam-se os lucros, mutualizam-se os investimentos, privilegiam-se infraestruturas que sirvam os interesses das multinacionais.
É preciso, sim, o reforço do investimento público, mas numa rede de gestão pública que sirva o país e a suas regiões, integrando as suas diversas dimensões e valorizando os trabalhadores do sector ferroviário.