Visto a partir do conselho de administração de uma multinacional, o aprofundamento do Mercado Único pode parecer um filão.
Visto a partir da realidade dos trabalhadores e dos povos, das MPME, das possibilidades de desenvolvimento de um país como Portugal, o aprofundamento do mercado único é um fardo pesado que nos arrasta para o fundo.
Há algumas décadas atrás, o militante do PCP e ex-deputado deste Parlamento, Sérgio Ribeiro, antecipava que a transferência de instrumentos de política para a esfera supranacional, nomeadamente através da transferência da política monetária e financeira para o BCE, conduziria a uma política tendencialmente única.
Por meio do Mercado Único e das políticas que lhe estão associadas, que o senhor Letta hoje adjectiva de motor de mudança da União Europeia, retirou-se capacidade de decisão aos governos nacionais, abriu-se mais espaço à concentração e centralização do capital, colocaram-se sob ataque os direitos sociais e laborais.
O aprofundamento do Mercado Único serve às multinacionais mas não serve ao desenvolvimento económico nem à justiça social.