Sr. Primeiro-Ministro,
Depois de dois anos letivos atípicos devido à epidemia, a recuperação de aprendizagens assumia a maior relevância. E mais uma vez o Governo não criou as condições para que as escolas dispusessem dos meios – professores e técnicos especializados em número adequado, redução do número de alunos de turma - para recuperar as aprendizagens.
Agora que se está a preparar o novo ano letivo, importa saber o que está a fazer para assegurar que no início do próximo ano letivo os estudantes têm os professores a todas as disciplinas?
A solução para este problema não passa pela retirada de direitos aos professores, como é exemplo o novo regime de mobilidade por doença.
São necessárias medidas imediatas é certo, como são exemplo soluções adiantadas pelo PCP e que o PS recusou, ainda agora na discussão do Orçamento do Estado, como a atribuição de um apoio para os professores deslocados, ou a vinculação de todos os professores com três ou mais anos de serviço.
Mas são também necessárias soluções estruturais que o Governo resiste, como a valorização da profissão e da carreira docente.
O que afastou milhares de professores do ensino foi o ataque aos seus direitos, a precariedade, a desvalorização da carreira docente e da profissão e que levou que muitos jovens a não optar pela formação de professor. O resultado está à vista: o envelhecimento dos professores, a gritante falta de professores e se não forem tomadas medidas estruturais num curto espaço de tempo serão mais de 100 mil estudantes que não têm todos os professores.
O que tem a dizer aos professores que andam há anos e anos a percorrer o país e não são integrados na carreira? Vai vinculá-los? Vai ou não fazer o que é preciso - valorizar a profissão e a carreira docente?