Debate da interpelação sobre a grave situação económica e social do País e a política alternativa necessária para solução dos problemas nacionais
(interpelação n.º 14/XII/3.ª)
Sr.ª Presidente,
Srs. Membros do Governo,
Sr.as e Srs. Deputados:
O Governo pode continuar a fazer propaganda mas, em concreto, o que realmente subsiste é uma tremenda realidade para os portugueses.
O desemprego atinge níveis incomportáveis e ainda assim continuam a ser despedidos todos os dias dezenas e dezenas de trabalhadores. São os casos dos 127 trabalhadores da Kemet que, num processo de despedimento coletivo, veem os seus postos de trabalho deslocalizados para o México; dos trabalhadores da Moviflor, empresa envolvida num plano especial de revitalização que atira para o despedimento mais de 200 trabalhadores; da Trecar, em São João da Madeira, ou das empresas do sector têxtil e mobiliário em Barcelos, Famalicão e Fafe. Enquanto o Governo fala de recuperação económica aquilo a que assistimos é ao aumento da exploração. Basta olhar para os salários cortados no Millennium BCP, para os salários em atraso na Compelmada e Metalsines, no distrito de Setúbal, na empresa de lanifícios António Camelo, em Seia, na Ordem do Carmo, no Porto, na Fiper, em Castelo Branco, ou na Metalrigor, Magic Metal ou na Salsicharia Estremocense, no distrito de Évora.
Sr. Ministro, falam de sinais positivos mas aumentam o horário de trabalho para as 40 horas semanais e querem facilitar os despedimentos para despedir com facilidade os trabalhadores com mais antiguidade e de salários mais elevados, para contratar outros trabalhadores com vínculos precários, sem direitos e com salários baixos.
Como é que a fábula dos sinais positivos encaixa nesta realidade, Sr. Ministro? Que resposta tem o Sr. Ministro para dar aos trabalhadores com salários em atraso ou em risco de despedimento?