Intervenção X AOREV
Camaradas e Amigos,
Em primeiro lugar uma forte e calorosa saudação aos delegados presentes e por vosso intermédio a todos os militantes do Partido e da JCP, à Organização Concelhia de Arraiolos que acolhe esta nossa Assembleia, às diversas organizações e militantes do Partido, que com o vosso trabalho, empenho e militância contribuíram nos mais diversos aspectos de preparação e realização desta nossa X Assembleia da Organização Regional de Évora.
Uma saudação particular convidados que estão hoje aqui connosco, partilhando esta vontade e iniciativa de que com a luta e confiança contruiremos um Distrito com futuro.
Camaradas e amigos
A X Assembleia da Organização Regional, tem particular responsabilidade, de analisar a realidade com que o Distrito se confronta e de quem nele vive e trabalha, de apontar caminhos para romper com o retrocesso a que temos sido sujeitos fruto de sucessivas politicas de direita assim como o estímulo da luta dos trabalhadores e o traçar de caminhos, de medidas, de objectivos a que os militantes do Partido estão convocados a construir.
Nesta Assembleia estamos certos que virão os problemas concretos, as respostas e medidas para o nosso trabalho e para o reforço do PCP.
Entre Assembleias foram muitas as exigências colocadas ao colectivo partidário:
Um quadro politico complexo que conheceu 2 legislaturas que, tendo em comum a existência de governos minoritários do PS, com particular expressão a resultante da alteração da correlação de forças na Assembleia da República decorrente das eleições 2019 e já neste ano com a obtenção da maioria absoluta.
O PS encontra-se desde então mais liberto para dar expressão sem condicionamentos às suas opções de política de direita.
Em ambas as situações o PS mantem as opções que o caracterizam. Foi a correlação de forças saída das eleições de 2015 que condicionou opções e prioridades que marcam o seu comprometimento com a política de direita, e que permitiu o percurso de defesa, reposição e conquista de direitos que marcaram a primeira das legislaturas.
O que mudou, então, não foi o PS e a sua natureza de classe mas sim as circunstâncias. Aliás, como foi visível e o PCP sempre denunciou, o PS não abandonou opções essenciais da política de direita que, tendo estado presentes na sua governação e nas limitações estruturais que a moldavam, designadamente nas propostas de OE, impediam a resposta necessária aos problemas nacionais.
Um quadro exigente em que durante mais de 2 anos a epidemia Covid19 teve grande expressão na situação vivida, procurando condicionar, limitar a vida colectiva, criar pretextos para ataque a direitos e liberdades.
Um período também marcado por eleições legislativas onde o Partido perdeu o deputado eleito pelo Distrito e pelas eleições autárquicas resultando numa alteração de forças que exige particular atenção. A perda de votos, mandatos e órgãos não nos criou melhores condições de intervenção directa na resposta aos problemas das populações. Num quadro politico de extrema adversidade, ofensiva ideológica só o empenho de milhares de activistas e candidatos permitiu a afirmação do nosso projecto autárquico. Sem iludir dificuldades e insuficiências do nosso trabalho orgânico e autárquico que precisamos discutir e cuidar, assume particular importância a mobilização do Partido, dos activistas e eleitos para o trabalho que precisa ser feito, as lacunas que precisam ser ultrapassadas, os objectivos aos quais se precisam associar meios.
Apesar de todo esse quadro não devemos subestimar nem desvalorizar todo o quadro em que estas eleições se realizaram e o significado que teve a eleição de 235 mandatos, a obtenção da maioria absoluta neste concelho de Arraiolos, a vitoria na capital de Distrito – Évora, a reconquista da CM de Viana do Alentejo e da freguesia da Granja em Mourão revelando que não há autarquias ganhas para sempre, nem perdidas para sempre.
Camaradas a melhor forma de reforçar a nossa influência também nesta frente de trabalho é responder aos problemas concretos das populações, reforçar a nossa ligação às massas, dar-lhe expressão de acção e luta e ampliar a construção da politica alternativa patriótica e de esquerda necessária aos trabalhadores e ao povo.
Camaradas,
Preparámos e realizamos a nossa X assembleia num quadro complexo e exigente para o nosso Partido. Um quadro marcado pelo aproveitamento que o grande capital fez e faz da Covid 19, da guerra e das sanções. O aumento do custo de vida, a não valorização do trabalho e dos trabalhadores, dos reformados e a fragilização dos serviços públicos.
Um quadro marcado por uma acentuada ofensiva anti comunista, mobilizando todos os instrumentos de condicionamento ideologico. Um ataque que dirigido ao PCP visa atacar os trabalhadores e as suas organizações de classe e o próprio regime democrático.
Só a organização e a luta no nosso distrito conseguirá responder aos problemas e criar prespectiva nos trabalhadores e populações.
No projecto de resolução politica em discussão espelham-se muitos desses problemas e dificuldades sentidas.
Este é um distrito em que em 10 anos perdemos mais de 14 mil pessoas, em que mais de 25% dos desempregados são jovens até aos 34 anos, em que mais de 90% da área útil agrícola está concentrada na mão de poucos senhores da terra. Em que os recursos que aqui temos criam valor lá fora, em que populações não têm acesso a transporte porque ele não existe e onde o direito à saúde vai sendo cada vez mais comprometido.
Que futuro é esse que sucessivos governantes falam insistindo sempre num caminho que tem à cabeça as inevitabilidades?
Que futuro é esse que derrota à partida ao invés de puxar pelas potencialidades existentes?
O PCP não desiste e persiste na ideia, na proposta e na acção assente na profunda convicção de que O Distrito tem futuro.
Um futuro que aposta nas condições reais de desenvolvimento. Que aproveite a localização, os recursos, o património, como alguns dos ingredientes indispensáveis para a construção desse futuro.
No documento que temos apontamos esse caminho, desde logo com as 25 medidas prioritárias aí identificadas.
Medidas possíveis e necessárias que vão além do sonho, que assentam na realidade e possibilidade e que assumem que o Distrito não está condenado.
Medidas que ponham o distrito a Produzir, uma produção que respeite e potencie a terra e não a condene à erosão, ao serviços dos interesses do grande capital agricola, de sugar recursos como a água do Alqueva para as produções superintensivas assentes em mão de obra explorada, comprometendo o solo, o ambiente e a saúde das populações.
Recurso à comercialização passando pela transformação, com o inquestionável contributo e contribuição do conhecimento e investigação que a Universidade de Évora pode dar.
Um distrito com criação de emprego com direitos, com a valorização do trabalho e dos trabalhadores.
Um distrito que aproveite o investimento, desde logo a partir da conclusão da IP2, a construção do IC33, o pleno aproveitamento da linha ferroviária Sines Caia, pois não aceitamos ficar a ver passar os comboios, a construção ou requalificação de vias rodo e ferroviárias que sirva as populações e a economia dentro e para fora do Distrito.
Um Distrito em que os serviços públicos possam assumir as respostas necessárias com destaque para o Hospital Central Publico do Alentejo, em que a educação, a cultura, o desporto sejam um direito de todos.
Sim é possível e necessário um Distrito mais desenvolvido. Para isso a luta dos trabalhadores e das populações é fundamental e o reforço do Partido indispensável.
Valorizamos e saudamos a luta desenvolvida nos últimos 4 anos, assim como o empenho, dedicação e militância de muitas organizações do Partido e dos seus militantes que em circunstâncias muito difíceis resistiram e actuaram sempre do lado certo.
Foi assim nas comemorações do 25 de Abril quando muitos quiseram hiberna-las para depois terminar com elas, foi assim no 1º de Maio, foi assim nas comemorações do centenário com destaque para o 6 de Março de 2021 onde por todo o Distrito subiu bem alto a bandeira comunista.
Foi assim junto dos trabalhadores das pedreiras, da Tyco, do centro de contacto da fidelidade, da Gestamp, da AIS, dos enfermeiros, professores, trabalhadores dos serviços públicos, das autarquias, da cultura, dos pequenos e médios empresários, dos pequenos agricultores, da juventude, das mulheres, dos reformados, das pessoas com deficiência, das populações pela abertura dos postos médicos, do serviço publico postal ou de mais meios de segurança.
É assim na luta contra o aumento do custo de vida, pela construção do novo hospital. Foi, É e será sempre assim ao lado dos trabalhadores e populações todos os dias.
Os militantes do PCP têm sido chamados a exigentes tarefas, num quadro muito difícil mas que convoca todos e cada um para ver como pode contribuir para cuidar e reforçar a organização do Partido.
Quanto tempo podemos dar, que tarefas podemos assumir, com quem podemos falar são perguntas para as quais o Partido precisa da resposta de cada um dos seus militantes, para assim reforçar a sua acção e influência.
Os nossos inimigos de classe, tudo fazem para denegrir, silenciar, deturpar. Nos últimos anos a campanha contra o Partido avolumou-se e não sendo nova ganha particulares contornos. Como escreveu Alvaro Cunhal no “Partido com Paredes de Vidro” de enorme actualidade - passo a citar:
“Toda esta campanha e pressão abala por vezes convicções de gente bem intencionada. Aconselhando embora explicitamente apenas uma mudança de linguagem e de estilo para criar uma imagem nova…O PCP não é nem será tal como o anticomunismo e o oportunismo quereriam, mas tal como os seus militantes e toda a sua historia determinaram que fosse. E só na base do que o Partido é Se pode formar a sua verdadeira imagem”
Camaradas, num quadro complexo como este que atravessamos o reforço do PCP é o caminho que se impõe.
A plena consciência do nosso projecto do nosso papel do que nos orienta e nos guia é essencial.
Só isso criará as condições para que nestes caminhos escuros, nestes tuneis apertados este Partido cumpra o seu papel: conduzir e iluminar o caminho para que os trabalhadores e o povo tomem nas suas mãos os destinos das suas vidas.
Confiança camaradas,
Este partido é indispensável e mesmo que procurem amachucar a sua capacidade de atracção junto das massas.
É na acção concreta que ela se constituirá força transformadora.
Confiança camaradas,
Tomemos as medidas concretas, afirmemos o nosso projecto, vamos para a Rua, para as empresas e locais de trabalho, conheçamos os problemas e criemos as propostas para os resolver juntamente com os trabalhadores e as populações.
Confiança camaradas
Cerremos fileiras,
A DOREV que hoje será eleita tem pela frente, juntamente com as organizações do Partido, exigentes responsabilidades cuidando do reforço da capacidade do trabalho de direcção no Distrito.
Cuidemos do Partido, do contacto com os militantes, Elevemos a militância, Responsabilizemos mais camaradas por diversas tarefas, com particular atenção para células de empresa e local de trabalho e organizações de base.
Cuidemos da campanha de recrutamento, sejamos mais audazes no desafio a homens, mulheres e jovens para que Tomem Partido.
Confiança camaradas,
Cuidemos da formação politica e ideológica de forma individual e coletivamente, da leitura da imprensa do Partido e em particular o Avante!
Cuidemos da nossa independência Financeira, com a actualização do valor das quotas e da quota em dia, da dinamização de iniciativas, do respeito pelo principio de não ser prejudicado nem beneficiado.
Estamos certos que a X Assembleia constituirá um valioso contributo para todo este caminho que continuaremos a percorrer.
Viva a X Assembleia da Organização regional de Évora
Viva a JCP
Viva o Partido Comunista Português