Um ano de mandato no Parlamento Europeu

Este primeiro ano de mandato foi, para os deputados do PCP no Parlamento Europeu, um ano intenso de trabalho, de proposta, sempre em estreita ligação ao País, ao povo, à sua realidade e problemas, à luta dos trabalhadores e das populações pelos seus direitos e anseios.

Esta ligação permanente ao país e ao povo permite-nos intervir e travar a luta institucional, denunciando as imposições, orientações e constrangimentos que a União Europeia determina para Portugal, com consequências dramáticas para o País, comprometendo o seu desenvolvimento e soberania.

Foi um ano que ficou marcado pelos impasses nas instituições da União Europeia e que caracterizam as profundas contradições existentes no seu seio. Impasses e dificuldades que ficaram evidenciados na distribuição dos cargos nas instituições da UE, nas negociações do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027, que se arrastam já há dois anos.

A situação económica e social, que se agravou pelas consequências do surto de Covid-19, continua a não encontrar as respostas essenciais para a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores e dos povos ou para enfrentar as necessidades sentidas por Estados-Membros, como Portugal. Pelo contrário, a actual situação expôs a total ausência de solidariedade da União Europeia. Ficou claro que aquilo que se pode esperar deste projecto de integração capitalista – cujas políticas alguns pretendem agora aprofundar –, é o agravamento das assimetrias entre países, das desigualdades sociais, das relações de dependência na União Europeia, em benefício dos interesses das principais potências e dos grandes grupos económicos e financeiros.

Neste primeiro ano de mandato, deslocámos-nos por todo o País, contactámos com trabalhadores e organizações de produtores, micro e pequenos empresários, realizámos reuniões com diversos sectores de actividade, concretizando mais de duas centenas de iniciativas.

no Parlamento Europeu, não desperdiçámos nenhuma oportunidade para assumir o nosso compromisso de defender os interesses dos trabalhadores, do povo e do País, apresentando propostas e soluções. Fizémo-lo em relatórios e resoluções, em perguntas escritas, em intervenções orais no plenário, em reuniões.

Reafirmámos a necessidade de se defenderem e valorizarem os salários e a contratação colectiva, os direitos laborais e sociais, de se investir em serviços públicos gratuitos e de qualidade, como a saúde, e de se aumentarem as respostas sociais, nomeadamente face às consequências do surto de Covid-19.

Defendemos a produção nacional, a agricultura, as pescas, a indústria, a investigação pública; assinalámos a importância de um real e urgente apoio às micro e pequenas empresas em dificuldades, aos pequenos e médios agricultores, à pesca artesanal.

Denunciámos, no âmbito do chamado Pacto Ecológico, o elogio ao mercado de carbono, na verdade, uma farsa pintada de verde que não defende o ambiente e outros interesses dos trabalhadores e dos povos, nem as necessidades de desenvolvimento dos Estados.

Defendemos o investimento nos transportes públicos, com vista ao seu reforço e gratuitidade, a utilização mais abrangente dos transportes públicos colectivos, favorável à qualidade de vida das populações e ao ambiente.

Temos denunciado que o futuro da Europa não se pode confundir e estar limitado ao cenário de aprofundamento neoliberal, federalista e militarista da União Europeia que nos querem impor. Uma Europa dos trabalhadores e dos povos exige um caminho de efectiva cooperação, baseado na soberania e independência dos Estados e na sua igualdade em direitos, na democracia, no progresso social e na paz – em que o povo português e Portugal vejam a sua soberania e independência nacional, os seus direitos e aspirações respeitados. Esse foi, é e será sempre o nosso compromisso!

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