Centenas de mulheres juntaram-se esta tarde, em Lisboa, num convívio de apoio à candidatura do PCP-PEV, momento aproveitado por Jerónimo de Sousa para apelar à expressão da indignação e da vontade de mudança pelo voto na CDU.
A iniciativa que encheu por completo o salão da Casa do Alentejo, com uma larga maioria de mulheres, começou com um apontamento cultural inspirador. Composições de Händel e Lopes-Graça foram intercaladas por poemas ditos pela actriz e candidata da CDU pelo circulo de Lisboa Joana Manuel. Particularmente impressiva foi a declamação de «Revolução e Mulheres», de Maria Velho da Costa, que antecedeu a componente política onde se sublinharam razões para que, a 4 de Outubro, muitos milhares de mulheres metam nas urnas um papel com «uma cruzinha laboriosa», como escreveu a poetisa e escritora.
Algumas das razões justificam-se com a necessidade de inverter os números da desgraçada regressão social e económica imposta nos últimos anos, a qual sobre-penalizou as mulheres, como lembrou Ana Margarida Carvalho, candidata nas listas da CDU, que falou já depois de Cláudia Madeira, do Partido Ecologista «Os verdes», ter chamado à tribuna várias candidatas e apoiantes da Coligação PCP-PEV, dirigentes do PCP e da Intervenção Democrática, e a mandatária distrital da candidatura, Graciete Cruz.
Rita Rato, deputada e candidata pelo círculo eleitoral de Lisboa salientou, em seguida, que o grande desafio que se coloca às mulheres nas próximas legislativas é darem continuidade à luta organizada que integraram e em que, não raras vezes, foram as mais perseverantes protagonistas, votando na CDU pela sua dignidade e direitos.
Razões de sobra
O mote foi aproveitado pelo Secretário-Geral do PCP, que apelou às mulheres para que «transportem para o voto a indignação», «expressem pelo voto a exigência de ruptura com a política de direita», que antes já havia acusado de ser responsável pela situação de crescentes dificuldades e injustiças.
Rompam com o círculo vicioso da «alternância sem alternativa, porque as mulheres e as novas gerações não estão dispostas a abdicar dos direitos, dos sonhos, das aspirações de viver e trabalhar em igualdade num País mais justo e soberano», insistiu.
Durante a sua intervenção, Jerónimo de Sousa lembrou também que «por opção das forças que compõem a CDU» e não «por imposição legal», as listas do PCP-PEV integram cerca de 43 por cento de mulheres. Sinal do vínculo da Coligação para com a luta das mulheres que se expressa, igualmente, no conjunto de princípios a que a candidatura dá centralidade – salário igual para trabalho igual, direito a ser mãe e trabalhadora, liberdade das famílias decidirem o momento e número de filhos, prevenção e erradicação da violência doméstica ou combate à exploração na prostituição –, bem como nas propostas que apresenta e estão contidas na política patriótica e de esquerda que propõe ao povo e ao País.
Entre as propostas estão o alargamento do tempo de licença obrigatória de maternidade e paternidade, a liberdade de decisão em caso de licença partilhada, sobre período de gozo sem perda de remuneração, licenças específicas para bebés prematuros e outros casos de internamento infantil ou o alargamento dos prazos e montantes de subsídios de assistência a filhos deficientes ou doentes crónicos, assim como a criação e alargamento de uma rede de creches e pré-escolar que sirva as famílias.
No quadro dos direitos sexuais e reprodutivos, Jerónimo de Sousa garantiu que entre as primeiras iniciativas dos deputados eleitos pela CDU estará a revogação das alterações à lei da IVG, promovidas por PSD e CDS em fim de legislatura e em afronta às mulheres.