Esta proposta surge na sequência dos escândalos ligados ao glifosato, à manipulação de estudos e à produção de estudos “encomendados”, e à debilidade demonstrada na avaliação dos pesticidas – o que ficou evidente no caso da Monsanto. A Comissão Europeia sentiu a necessidade de apresentar uma proposta para reforçar a capacidade operativa e a transparência no processo de avaliação dos riscos, contribuindo para uma tomada de posição pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) que seja cientificamente fiável e objectiva. São avançadas propostas pertinentes. No entanto, este relatório apresenta debilidades que poderão redundar na perpetuação da submissão aos interesses poderosos da indústria, como o envolvimento da indústria na gestão da Autoridade ou a criação de uma Comissão de Recurso (que irá dar mais capacidade à indústria de negociar a avaliação dos produtos recusados), a proposta de trocar o princípio da precaução por uma gestão de risco (que possibilita a utilização das substâncias sob as quais existe incerteza), a não exigência de maior transparência relativa ao lobbying. Uma cadeia alimentar sustentável será, em princípio, uma cadeia curta – a avaliação dessa sustentabilidade e da segurança da cadeia também só será efectiva e transparente se for realizada ao nível da cadeia, ou seja, uma avaliação próxima aos sistemas de produção, distribuição e consumo.