Estabelecido em 2011, o Sistema Europeu de Supervisão Financeira (SESF) apareceu como uma tentativa de evitar que uma crise financeira como a de 2007/2008 voltasse a acontecer, sustentado pelo habitual argumento de que as autoridades dos Estados-Membros, seja qual for a matéria, são incompetentes e laxistas.
O SESF retirou soberania aos países em matéria de supervisão financeira. E isso não evitou, pelo contrário, a trapalhada e o falhanço completo nos casos do BES ou do Banif. Em Portugal, o Sistema Europeu de Supervisão Financeira revelou-se um embuste.
Os novos poderes que lhe pretendem agora atribuir não alterarão isto. Tal como na sua criação, esta proposta pretende iludir que não surgirão novas crises financeiras, ou se surgirem elas impactarão de forma mais suave.
É uma tentativa de esconder que a União Europeia, e as forças que a sustentam, nada tem feito para alterar a questão de fundo da especulação financeira e da crescente financeirização da economia. De facto, nos últimos 10 anos a legislação da UE contribuiu para o agravamento do risco sistémico, não separou a banca comercial da de investimento, promoveu a institucionalização de um modelo de financiamento da economia “à la” EUA (i.e., baseado nos mercados de capitais) e não pôs cobro à livre circulação de capital.
Votámos contra.