Abordando uma questão pertinente e justa, o relatório parte da premissa errada de que é possível humanizar o capitalismo. É na natureza do sistema capitalista, na sua vertente predatória e de exploração, que está a raiz do problema. As grandes empresas e multinacionais exploram directa ou indirectamente, em nome do lucro e de forma ávida, os recursos naturais dos povos de países terceiros, sem quaisquer pruridos de cometer os mais hediondos crimes ambientais, contra as populações, ou de explorar desumanamente trabalhadores.
Não se estranha que passem despercebidas ou inexistentes, referências à necessidade de elevação dos direitos dos trabalhadores, da regulação do trabalho, de uma melhor distribuição da riqueza, ou do papel soberano dos Estados em protegerem os trabalhadores, povos e recursos da exploração do grande capital monopolista. Referencia ausente também, a da necessidade de políticas comerciais que não se constituam como novos instrumentos neocoloniais, antes, que respeitem a soberania dos estados e que assentem num efectivo benefício mútuo entre partes iguais.
Valorizamos as referências e apelo à aplicação dos Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, bem como do Pacto Global das Nações Unidas. Princípios às quais a prática das políticas da UE escapa, porquanto a sua natureza de classe lhe é contrária.
Pelo exposto a abstenção.