O facto de uma força de extrema-direita, comprometida com o legado do fascismo, ter sido o partido mais votado nas eleições em Itália assume particular gravidade.
Trata-se de um resultado só possível devido à profunda crise política, económica e social em que a Itália está mergulhada em resultado da acção de sucessivos governos com políticas de direita e submetidos às orientações da União Europeia que, como o último governo chefiado por Mário Draghi, frustraram justas expectativas populares, também reflectidas na elevada abstenção registada.
A ascensão de força marginal à mais votada é inseparável da sofisticada mediatização e descarada promoção da figura de Giorgia Meloni e da normalização do “Irmãos de Itália”, um partido com uma trajectória de cariz fascizante.
É cedo para avaliar todas as implicações deste resultado eleitoral na política interna e externa da Itália, a terceira economia da zona euro, a braços com uma dívida externa de grandes proporções. Entretanto, apesar das críticas à burocracia supranacional de Bruxelas, são de registar as profissões de fé neoliberal e atlantista à medida dos interesses do grande capital italiano.
A perspectiva de um governo de extrema-direita em Itália, na sequência do avanço das forças de extrema-direita noutros países, é inquietante e confirma a necessidade de intensificar a luta contra o revisionismo histórico que branqueia e banaliza os crimes do nazi-fascismo enquanto promove o anti-comunismo. O PCP confia porém em que os trabalhadores e o povo italiano, coerente com as suas tradições democráticas e progressistas, acabarão por derrotar as forças reaccionárias e os projectos fascizantes.