Entre 8 e 12% dos pacientes admitidos em hospitais na UE sofrem de efeitos adversos enquanto recebem cuidados médicos, sendo os mais comuns as infecções associadas a cuidados de saúde (IACS), eventos relacionados com a medicação e complicações decorrentes de intervenções cirúrgicas. Quase metade desses eventos poderia ser evitada. As IACS, em particular, são um problema de saúde pública evitável através de programas intensivos de higienização e controle.
A resistência aos antimicrobianos tem aumentado na UE para as bactérias patogénicas o que levou a um aumento das IACS causadas por bactérias multirresistentes, um problema de saúde pública candente.
O relatório aborda de forma abrangente e documentada esta temática. Refere os efeitos do desinvestimento nos serviços públicos de saúde e nos seus profissionais em resultado das políticas ditas de austeridade e defende a reversão deste caminho.
Apesar de concordarmos com o sentido geral do relatório, consideramos que se poderia ter ido mais longe nalguns domínios. É o caso do preço dos medicamentos e suas implicações nas restrições ao acesso, na segurança dos pacientes e nas resistências antimicrobianas (em resultado das tomas incompletas, por exemplo). É o caso também da necessidade de reforço das capacidades públicas no domínio da investigação e desenvolvimento de novos fármacos, disputando a primazia das multinacionais farmacêuticas.