O dia 6 de Agosto de 1945, é uma data que as forças progressistas e amantes da paz de todo o mundo assinalam, para que se não perca a memória desse monstruoso crime que foi o lançamento da primeira bomba atómica sobre a cidade japonesa de Hiroshima (e três dias depois sobre Nagasaki) e retirar dessa tragédia, que provocou milhares de mortos e sofrimento que perdura até hoje, ensinamentos para a luta contra o militarismo e contra a guerra e pelo desarmamento nuclear.
É um dever de memória e um momento de reafirmação, ano após ano, do firme empenho dos comunistas portugueses na luta por um mundo de paz e amizade entre os povos, liberto da ameaça das armas nucleares, onde os imensos recursos desperdiçados em armamento sejam canalizados para a promoção do progresso social e o combate à fome, à doença, ao subdesenvolvimento e a outros graves problemas que afectam a grande maioria da Humanidade.
No momento em que o imperialismo fomenta a tensão nas relações internacionais, com expressão na escalada de guerra e de confrontação na Europa e noutras regiões como na Ásia-Pacífico, com os sérios perigos que uma tal escalada comporta para o mundo, e na qual se inserem as decisões adoptadas na recente cimeira da NATO em Vilnius visando a intensificação da corrida aos armamentos e a expansão para a região Ásia-Pacífico, mais necessário se torna recordar o que foi e o que significou o criminoso lançamento pelos EUA da bomba atómica sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Falsamente apresentada como indispensável para derrotar o Japão e pôr fim à Segunda Guerra Mundial no Pacífico, pois na verdade o militarismo japonês já se encontrava derrotado, a utilização da arma atómica pelos EUA, único país que então a possuía e que até hoje a utilizou, constituiu uma afirmação de força do imperialismo norte-americano e da sua desmedida ambição de hegemonia mundial, visando particularmente a URSS e o ímpeto de luta libertadora que então despontava no mundo.
Tratou-se na realidade de uma expressão extrema da natureza agressiva do imperialismo que, limitada pela luta dos trabalhadores e dos povos e pela existência da URSS e do campo socialista, se tornou ainda mais violento com o desaparecimento do poderoso contrapeso que estes países e a sua política em defesa da paz e do desarmamento representavam. O constante aumento das despesas militares, a produção de armas cada vez mais sofisticadas, o constante reforço e alargamento da NATO, o abandono de importantes acordos de desarmamento, nomeadamente quanto ao armamento nuclear, o sistemático desrespeito dos princípios da Carta da ONU e do direito internacional, a multiplicação dos actos de ingerência e agressão contra povos e países por parte do imperialismo, encerra perigos gravíssimos para o próprio destino da Humanidade.
Ao evocar Hiroshima e Nagasaki, o PCP apela ao povo português, e particularmente à juventude, para que intensifique a luta pela paz e o desarmamento, desde logo para que os EUA, a NATO e a UE ponham fim à sua estratégia de confrontação e cessem de instigar a guerra na Ucrânia, bem como à Rússia e a todos os outros intervenientes para que se encete com urgência o caminho da negociação visando alcançar uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
O PCP alerta para que a política externa e de defesa de sucessivos governos de PS, PSD e CDS, que Chega e IL partilham inteiramente, tem comprometido a soberania e independência nacionais e está a envolver perigosamente Portugal na estratégia militarista agressiva do imperialismo. O PCP sublinha que a Constituição da República Portuguesa obriga o Estado português a uma política de paz e cooperação internacional, envolvendo nomeadamente a dissolução dos blocos político-militares, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, naturalmente, incluindo a abolição das armas nucleares e demais armas de destruição em massa. Neste sentido, é particularmente significativo que o Governo português continue a recusar subscrever o Tratado sobre a proibição de armas nucleares.
O PCP considera que a luta contra a política militarista do imperialismo, pela paz e o desarmamento é inseparável da luta contra a exploração e pelos direitos sociais e políticos dos trabalhadores e dos povos.
Lembrar Hiroshima e Nagasaki é pois lutar para que jamais uma tal tragédia volte a acontecer. É intensificar a luta contra o fascismo e contra a guerra, contra a política agressiva do imperialismo, pela dissolução da NATO, pela solução política dos conflitos com respeito pela soberania dos povos, pelo desarmamento e em primeiro lugar pelo desarmamento nuclear. É unir todas as forças, que possam ser unidas, na luta pela paz e para afastar definitivamente do horizonte o perigo de holocausto nuclear.
O PCP fará tudo o que estiver ao seu alcance para promover a convergência e unidade de quantos, independentemente de diferenças de opinião, têm em comum a aspiração a um mundo de liberdade, paz e justiça social.
Perante a complexa e perigosa situação internacional que hoje vivemos, é necessário e urgente dar mais força à luta pela paz e o desarmamento.