Há acontecimentos que, pelo seu significado histórico e pelos ensinamentos que encerram, jamais cairão no esquecimento. Tal é o caso dos bombardeamentos atómicos das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasáqui, respectivamente, em 6 e 9 de Agosto de 1945. Bombardeamentos que provocaram de imediato cerca de 200 mil mortos e deixaram um inenarrável rasto de destruição e sofrimento. Um crime monstruoso contra a Humanidade que absolutamente nada pode justificar, mas que os EUA procuraram desculpar com o falso argumento de derrotar o Japão, quando o Japão já estava militarmente derrotado e quando na verdade constituiu uma demonstração do poderio militar norte-americano e o seu propósito de impor ao mundo a hegemonia dos EUA.
Ao evocar esta realidade trágica, o PCP, que sempre considerou o desarmamento, e em particular a proibição e a abolição das armas nucleares como uma exigência para a salvaguarda da paz, alerta para a perigosa situação criada pela política militarista, armamentista e de confrontação conduzida pelos EUA, incluindo no âmbito do armamento nuclear, arrastando nessa deriva a NATO, a União Europeia, os seus aliados do G7. É o que se verifica em relação ao próprio Japão que, violando frontalmente a Constituição pacifista que resultou da derrota do militarismo japonês na Segunda Guerra Mundial, participa activamente no alargamento da influência da NATO à Ásia-Pacífico, e nas cada vez mais frequentes e perigosas operações militares nesta região dirigidas contra a República Popular da China, apontada como alvo principal, como denota a acentuação de tom assumido na recente cimeira da NATO em Washington visando este País.
Recordar o holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasáqui é um dever de memória, mas é sobretudo ocasião para afirmar o imperioso dever de lutar para que semelhante tragédia jamais se repita. É necessário defender a verdade histórica e combater firme e corajosamente a avassaladora campanha de propaganda do militarismo e da guerra, de normalização do fascismo e mesmo de banalização do recurso à arma nuclear. É necessário persistir no desmascaramento do imperialismo norte-americano que, a partir do pretexto da denominada defesa da “civilização ocidental”, pretende impor ao mundo a sua hegemonia totalitária e que, tendo sido até hoje o único País que recorreu ao uso da arma nuclear, é o responsável pelo agravamento da situação internacional e pelo real perigo de uma guerra de incalculáveis proporções.
Evocando a efeméride sombria de 6 e 9 de Agosto de 1945 e alertando para os perigos na situação actual, o PCP considera que a guerra não é inevitável, que a última palavra será sempre a dos povos e da sua aspiração à liberdade, ao progresso social, à paz.
O PCP confia em que o desenvolvimento da luta libertadora dos trabalhadores e dos povos, contra o militarismo e a guerra, pela solução política dos conflitos, pela paz, triunfará. E que, honrando os valores da Revolução de Abril, libertando-se da submissão aos ditames da NATO e da União Europeia cada vez mais militarista, respeitando e aplicando a política de independência nacional e de paz e amizade com todos os povos consagrada na Constituição da República, Portugal pode e deve dar uma importante contribuição para o desarmamento geral, simultâneo e controlado – incluindo para a abolição das armas nucleares –, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
Lutando pela ruptura com décadas de política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, o PCP tudo fará para a concretização desse objectivo.