Como representante da Coligação da Esquerda e do Progresso, trago-vos as saudações de camaradagem e militância do Partido da esquerda contemporânea e radical da Grécia, que, desde as eleições gerais do passado mês de Setembro e após uma interregno de três anos, tem de novo deputados eleitos no Parlamento.
Manifestamo-nos convosco por uma Europa de pleno emprego com direitos, uma Europa de coesão social, ecológica, de paz e cooperação entre os povos e os seus cidadãos.
Exprimimos a nossa grande satisfação pelo prosseguimento destes comícios que se iníciaram com o Comício de Paris, no ano passado, iniciativas que apoiamos com entusiasmo e optimismo.
Este Comício coincide com as mobilizações de solidariedade para com os trabalhadores da Renault; com a mobilização pan-europeia da Confederação Europeia de Sindicatos de 28 de Maio; com a iniciativa de membros do Parlamento Europeu pelo pleno emprego; e com os Euro-desfiles para Amsterdão, no próximo mês.
Todas estas iniciativas são a prova concreta de que o destino e futuro da Europa não pode ser definido pelo capital financeiro e as multinacionais, pelas opções neo-liberais das forças conservadoras. Em nome da economia de mercado, estas forças estão a moldar uma Europa de desemprego, de exclusão social, de pobreza e nova miséria; uma Europa a várias velocidades e com desigualdades, à custa dos países mais pequenos, dos trabalhadores, das mulheres, da juventude e dos migrantes.
As políticas de duro rigor orçamental e austeridade são completadas por um ataque frontal aos rendimentos dos trabalhadores, pela degradação das relações laborais, pela desintegração do Estado Social.
Desta forma, não só geram novas desigualdades económicas e sociais, mas fazem alastrar o desemprego, com a redução do custo do trabalho e o ainda maior desmembramento do aparelho produtivo dos países. São assim marginalizados vastos sectores da população e aduba-se o terreno para o crescimento dos fenómenos de racismo e xenofobia, em especial nos países que acolhem trabalhadores imigrantes.
À idolatria pelos números e pelos critérios nominais de Maastricht, à acumulação extrema de riqueza nas mãos de poucos, as forças de Esquerda respondem com a preocupação pelas pessoas comuns, pelos trabalhadores, pelos agricultores, pelos reformados, pelo ambiente.
No meu país o desemprego está prestes a alcançar – ou alcançou já – os 11 por cento; mais de um quinto dos lares vive abaixo do limiar da pobreza; a taxa de lucro do grande capital é a mais alta da Europa, ao mesmo tempo que as despesas com cuidados sociais são as mais baixas da Europa. Mas nos últimos tempos tem havido na Grécia enormes lutas de agricultores, professores, trabalhadores portuários, reformados e operários das fábricas.
As opções conservadoras do novo governo são postas em causa e combatidas, ao mesmo tempo que se revelam socialmente injustas e ineficazes.
O Synaspismos defende uma redução no horário de trabalho sem redução de salários; apoio aos desempregados e legalização dos trabalhadores estrangeiros no nosso país. O Synaspismos defende a necessidade de uma novo Estatuto das relações de trabalho que fortaleça o emprego estável e para todos.
O Synaspismos procura fazer do caminho para a integração europeia um caminho de convergência real, de rosto democrático, social, feminista e ecológico, rumo a uma Europa de amizade e cooperação entre os seus Estados e povos.
Lutamos por instituições e políticas que ponham o ser humano acima de tudo, como se afirma na plataforma de Acção Conjunta sobre a Conferência Intergovernamental do Forum da Nova Esquerda Europeia.
Não queremos uma fortaleza Europa, mas uma Europa que contribua para atenuar o explosivo abismo Norte-Sul.
O Synaspismos defende a participação dos cidadãos na criação duma tal Europa. É por esta razão que pedimos que os resultados da Conferência Intergovernamental sejam submetidos a um referendo em toda a Europa, o que exige uma grande campanha pela informação e resistência dos trabalhadores ao desumano curso neoliberal dos poderosos da Europa.
Hoje, quando o processo da Conferência Intergovernamental chega à sua fase final, acreditamos ser possível inverter a situação, pela acção coordenada e a solidariedade dos trabalhadores da Europa, pelo esforço conjunto das forças de Esquerda.
As lutas a nível nacional e europeu, a coordenação e acção conjunta das forças de Esquerda, como o comício de hoje, podem forjar uma poderosa frente de resistência, podem alterar a actual correlação de forças.
São mensagens de esperança e optimismo para a nossa luta por uma Europa dos trabalhadores e das Nações.
É por isso que participamos neste Comício com grande prazer e satisfação. Estamos certos de que ele exprime a vontade e as aspirações dos trabalhadores e dos agricultores, não apenas de Portugal, mas de toda a Europa.
Permitam-me, por isso, que mais uma vez transmita as calorosas saudações dos militantes e simpatizantes do Synaspismos, e a nossa mensagem de luta e esperança para os trabalhadores de toda a Europa; uma mensagem de coordenação e acção conjunta entre as forças de esquerda e progressistas, por uma proposta alternativa para a Europa, apelo e desafio dos nossos dias.