Não restam dúvidas sobre a cumplicidade da maioria do PE em relação à política dita de austeridade. Este relatório é mais uma prova disso mesmo. Aqui se reincide na contradição de que a austeridade pode ser aplicada com uma política de crescimento económico, ideia defendida pela social-democracia na tentativa de branquear a sua conivência com o rumo de desastre económico e social que está a ser imposto a países como Portugal. A maioria do Parlamento, para além de "validar" o caminho que tem vindo a ser imposto a vários países em termos de finanças públicas, defende se aqui que se vá ainda mais longe.
Defende-se a redução de impostos sobre o trabalho para as empresas (ameaçando a sustentabilidade dos sistema de segurança social), o aumento da idade de reforma, a ligação dos salários à produtividade, ou seja, uma ainda maior desvalorização dos salários com todas as consequências recessivas e de aumento da pobreza, a liberalização de vários sectores e privatização de empresas públicas, o aumento dos despedimentos na administração pública e a extinção de níveis de administração, ou seja, dos serviços públicos, negando direitos básicos às populações. Muito se ouve neste parlamento sobre a criação de empregos e a necessidade de crescimento. É irónico que as soluções propostas sejam sempre o aprofundamento das mesmíssimas políticas que estão a criar o caos social e a encher os bolsos do grande capital.