Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

Propostas de PSD e PS: temporárias, insuficientes e onde os lucros são sagrados

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O PSD agendou hoje um debate onde trazia, trás, um conjunto de medidas do seu programa de emergência social, procurou aqui no debate distanciar-se daquilo que são as medidas propostas pelo Governo do PS, mas no essencial estamos a falar de opções que são da mesma família e que são da mesma natureza: são temporários,  insuficientes não vão às causas estruturais dos problemas que afetam hoje os trabalhadores e o povo do nosso país.

Aliás o debate que aqui ouvimos, numa espécie de troca de galhardetes entre o PS e o PSD mas eu recordo que quer o PS quer o PSD quer o CDS estiveram lá a reunir com a troika quando veio a Portugal para ir impor os cortes nos salários, nas pensões, para destruir os serviços públicos, estiveram lá, assinaram e cumpriram e portanto quanto a responsabilidades fica aqui bem claro quais eram são as responsabilidades. Mas voltando aqui ao tema do debate, não vão às causas estruturais dos problemas e não vão a quais causas? Não apresentam medidas para aumentar de forma estrutural os salários e as pensões, os salários dos trabalhadores e as pensões dos pensionistas e dos reformados.

É fundamental aumentar os salários e as pensões, é fundamental recuperar a perda poder de compra perdido, mas não são essas opções quer de PS quer de PSD. No que diz respeito a travar os aumentos de preços, não vislumbramos uma  medida, seja do PS seja do PSD com esse objetivo. É que isto é fundamental para parar a escalada inflacionista. É fundamental para travar os lucros escandalosos dos grupos económicos, em particular do setor energético, da grande distribuição, da banca em particular.

Mas sobre esta matéria não há qualquer intervenção e não havendo aquilo que significa é que há claramente aqui uma convergência para a subsidiação daqueles que são os lucros destes grupos económicos. À custa do quê? À custa dos salários, à custa das pensões, e não vislumbramos uma única medida para taxar os lucros dos grupos económicos que estão a ter lucros, como já referi, escandalosos que naturalmente devem sim, ser taxados para que haja uma maior distribuição da riqueza mas para que haja também um maior investimento nos serviços públicos. Aquilo que identificamos aqui é uma convergência entre PS e PSD com apoio da Iniciativa Liberal e do Chega. Uma convergência na recusa em enfrentar aqueles que são os interesses dos grupos económicos. Nós sabemos que é exatamente aquilo que pretendem. Não há aqui uma única medida, uma única opção, nem uma a única palavra por parte do PS, do PSD, da Iniciativa Liberal e do Chega. Sabemos que vos dói. Porque não beliscam em nada aqueles que são os lucros dos grupos económicos e é esta a natureza das opções políticas e do posicionamento que estas forças políticas têm aqui na Assembleia da República.

É fundamental, como o PCP aqui propõe, e amanhã teremos oportunidade de discutir a nossa proposta, que propõe medidas integradas, articuladas que vão ao encontro destes objectivos: 

- valorizar os salários e as pensões
- controlar e fixar os preços
- reforçar os serviços públicos 
- taxar os lucros dos grupos económicos

Não podemos aceitar, num momento de perda progressiva do poder de compra por parte dos trabalhadores e dos reformados, aumento das desigualdades com os grupos económicos no nosso país a aumentar cada vez mais os seus lucros. E percebemos a oposição que aqui está: porque são esses os interesses que defendem, não são os interesses de quem trabalha e de quem vive do seu trabalho mas os interesses daqueles que se apropriam do trabalho criado pelos trabalhadores, pelos reformados.

Para terminar concluo dizendo da parte do PCP não desistiremos de intervir naquilo que consideramos que é fundamental e que aqui referi: a defesa dos salários, das reformas, a defesa dos direitos de quem trabalha.

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