Pela primeira vez, estamos perante uma redução do orçamento da UE em termos nominais, face ao anterior período de programação. Ao aprovar esta proposta de QFP 2014-2020, a maioria do parlamento faz aquilo que disse que nunca faria. Dá o dito por não dito e aceita o que criticou severamente.
Este QFP representa menos de 1% do RNB do conjunto dos países da UE, representando uma redução de 3,7% face ao actual, num contexto de agravada crise económica e social na UE, particularmente aguda em países como Portugal. O nosso país vê as transferências da UE reduzirem-se em mais de 10% face ao anterior QFP (2007-2013).
O QFP, que nunca teve verbas, meios e prioridades políticas que contribuíssem efectivamente para ajudar a ultrapassar o fosso entre países (o que exigiria pelo menos o dobro dos actuais montantes), herda um défice de 15 mil milhões de euros e apenas promessas sem garantias de mobilização dos montantes agora decididos. Antevê-se a chantagem dos (mal) ditos contribuintes líquidos, que não só determinaram montantes e prioridades para o QFP, como utilizarão essas decisões (a par de outras no âmbito do Semestre Europeu) para impor, ao estilo neocolonial, orientações políticas aos países de economias mais frágeis e enfrentando uma grave recessão.
Obviamente votámos contra.