Intervenção de Paulo Sá na Assembleia de República

Pôr fim ao desastre — rejeitar o pacto de agressão, por uma política patriótica e de esquerda

(debate da moção de censura n.º 3/XII/2.ª)
Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Guilherme Silva,
Quando o PSD estava na oposição, ou melhor, quando fazia de conta que estava na oposição, dirigia duras críticas ao Governo do PS e às suas políticas. Deste modo, tentava fazer crer aos portugueses que constituía uma real alternativa, que quando chegasse ao Governo praticaria políticas diferentes. Mas, no Governo, o PSD faz exatamente o contrário daquilo que prometeu quando estava na oposição.
Vou dar apenas alguns exemplos, de uma lista sem fim.
Na oposição, o PSD organizava vigílias, no dia da mãe, contra a intenção do PS de encerrar maternidades; hoje, no Governo, o PSD quer encerrar a Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
Na oposição, o PSD andava com cordas ao pescoço, protestando contra os cortes nas bolsas do ensino superior; no Governo, volta a colocar as cordas ao pescoço, mas agora no pescoço dos estudantes!
Na oposição, o PSD protestava contra o encerramento de escolas, contra a criação de mega-agrupamentos, contra o despedimento de professores; no Governo, o PS leva mais longe ainda a política de ataque à escola pública.
Na oposição, o PSD insurgia-se — e cito — «contra a destruição de postos de trabalho e a restrição no acesso aos apoios sociais, particularmente aos desempregados»; no Governo, o PSD aplica uma política de destruição em massa de postos de trabalho e retira apoios sociais, particularmente aos desempregados.
Na oposição, o PSD recusou-se a aceitar o PEC 4, porque — e cito — «não é possível aceitar um documento que apenas castiga os portugueses e não dedica uma única linha ao crescimento da economia»; no Governo, o PSD castiga brutalmente os portugueses e a economia afunda-se de dia para dia.
Na oposição, o PSD, pela boca do seu líder, prometeu aos portugueses que nunca lhes retiraria os subsídios de férias e de Natal, mas, mal se apanhou no Governo, a primeira medida que anunciou foi o roubo de metade do subsídio de Natal;…
No Governo, o PSD faz exatamente o oposto daquilo que prometeu fazer na oposição. O PSD rasgou o seu programa eleitoral. O PSD enganou os portugueses. O PSD mentiu aos portugueses, descaradamente!
Perante isto, pergunto-lhe, Sr. Deputado Guilherme Silva, que legitimidade democrática tem um Governo que alcançou o poder mentindo e enganado os portugueses!? Nenhuma, Sr. Deputado. Nenhuma!
Termino com uma citação do Sr. Ministro Miguel Macedo, o qual, há dois anos, na altura Deputado, dirigindo-se ao Governo do PS, dizia as seguintes palavras (que, diga-se de passagem, aplicam-se como uma luva ao atual Governo): «Claro que o Governo merece ser censurado. Está esgotado nas políticas, vive deslocado da realidade, é insensível aos problemas sociais que se avolumam e que estão aí, à nossa frente, e está em decomposição acelerada, comporta-se como um Governo em fim de ciclo, que se arrasta penosamente pelas cadeiras do poder».
Dizia estas palavras e apontava ao Governo do PS e às suas políticas a porta da rua.
É exatamente isso que é preciso fazer agora. É preciso apontar a porta da rua a este Governo e às suas políticas, a política da troica!

  • Assuntos e Sectores Sociais
  • Economia e Aparelho Produtivo
  • Regime Democrático e Assuntos Constitucionais
  • Assembleia da República