Podemos vangloriar-nos acerca dos pequenos passos dados neste ou naquele domínio na qualidade de vida das populações do nosso planeta. No entanto, se é certo que se admitem progressos numas áreas, encontramos uma profunda degradação na qualidade devida das pessoas em inúmeros locais do planeta e em particular aqui na Europa onde a fome e a miséria ganham terreno todos os dias.
Por mais progressos pontuais que se anunciam, nada apaga o paradoxo de termos hoje este enorme potencial científico e tecnológico, que bem utilizado, chegaria perfeitamente para alimentar e vestir convenientemente toda a humanidade.
Este relatório, sendo certeiro na denúncia, falha no diagnóstico e nada prescreve de substancial para a cura do doente. Com efeito, nada é dito sobre as pesadas responsabilidades das políticas neoliberais aplicadas em todo o mundo a partir dos anos oitenta. Nada é dito sobre as responsabilidades das grandes empresas multinacionais, ou do grande complexo militar e industrial, que semeiam a guerra e miséria.
Nada diz sobre a absoluta necessidade de termos programas públicos para desenvolver a educação a saúde e planear a economia. A ideia que perpassa e que toda a estratégia se baseia numa lógica de outsourcing como esta ainda na moda, com o recurso e empresas e ONGs.
Concordamos com todos estes objectivos. Pensamos no entanto que não é possível conceber uma estratégia clara para o seu cumprimento sem mudar o nosso modelo de sociedade onde os interesses do grande capital se sobrepõem ao bem estar dos povos, e onde o poder político está de facto das mãos do poder economico.