O PCP condena a escalada de confrontação promovida pelos EUA e a NATO contra a Rússia. Uma escalada que, efectuando-se nos planos militar, económico e político, e sendo sustentada por uma intensa campanha de desinformação, constitui uma séria ameaça à paz.
A acção agressiva dos EUA e da NATO intensificou-se durante as últimas semanas, com a instalação de mais meios e contingentes militares no Leste da Europa – incluindo o apoio militar à Ucrânia –, acompanhada da ameaça de imposição de novas sanções económicas contra a Rússia.
Assume uma particular gravidade a inclusão da Ucrânia na estratégia agressiva do imperialismo, concretizada após o golpe de Estado de 2014, que foi promovido pelos EUA, a NATO e a UE, com o recurso a grupos fascistas, e levou à imposição de um regime xenófobo e belicista, cuja violenta acção é responsável pelo agravamento de fracturas e divisões e pela deflagração da guerra naquele país.
Tendo presente os acontecimentos ocorridos desde 2014, o PCP alerta para o perigo de acções de provocação, incentivadas pelo apoio dos EUA e da NATO, contra as populações russófonas no Donbass e os seus direitos e aspirações.
Não se pode escamotear que o regime ucraniano não só não cumpre os acordos de Minsk, impedindo a concretização de uma solução política para o conflito no Donbass, como é responsável por constantes violações do cessar-fogo e por uma massiva concentração de forças militares junto à linha de demarcação, ameaçando lançar uma violenta acção em larga escala nessa região – ameaça que levou à deslocação de forças militares da Rússia dentro do seu próprio território, na zona junto à fronteira com a Ucrânia.
O PCP sublinha que a actual situação não pode ser dissociada da contínua expansão da NATO que, rasgando compromissos assumidos aquando da dissolução do Pacto de Varsóvia e do fim da União Soviética, avança cada vez mais para o Leste da Europa, visando o cerco à Rússia.
O PCP salienta que são os EUA, a NATO e a UE que desencadearam guerras contra a Jugoslávia (1999), o Afeganistão (2001) ou a Líbia (2011), sendo responsáveis pelo seu brutal legado de morte, sofrimento e destruição. São os EUA, a NATO e a UE que fomentam a corrida armamentista e são responsáveis por mais de 60% dos gastos militares em todo o mundo, superando em mais de 10 vezes as despesas militares da Rússia. São os EUA que, com a instrumentalização da NATO, promovem alianças e parcerias belicistas, possuem uma densa rede de bases militares espalhada por todo o mundo e incrementam a instalação de meios bélicos, incluindo nucleares, cada vez mais próximo das fronteiras de países que pretendem submeter aos seus interesses. São os EUA, com o apoio da NATO, que romperam de forma unilateral importantes acordos de desarmamento, como os tratados de defesa antimíssil e de forças nucleares de curto e médio alcance. São os EUA e a NATO que cinicamente apresentam como uma ameaça exercícios militares que a Rússia realiza no seu próprio território, quando são eles que desenvolvem sistematicamente exercícios militares a milhares de quilómetros das suas fronteiras e levam a cabo constantes acções de pressão, de ingerência e de agressão contra países soberanos. São os EUA, a NATO e a UE que banalizam a ameaça e a chantagem e que impõem sanções e bloqueios, afrontando abertamente a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. É a NATO que se confirma como o único bloco político-militar de carácter ofensivo e agressivo, ao serviço de uma estratégia de hegemonização política e económica e de subjugação da vontade soberana e dos direitos de países e povos.
A realidade está a demonstrar que os EUA não olham a meios para tentar contrariar o seu declínio relativo, no quadro da crise estrutural do capitalismo e do profundo processo de rearrumação de forças que prossegue no plano mundial.
A escalada de confrontação promovida pelos EUA constitui, simultaneamente, uma perigosa manobra de diversão face ao avolumar de problemas internos, assim como de contradições inter-imperialistas, como o demonstram as pressões que estes exercem sobre a UE, sobretudo sobre a Alemanha, em torno da energia e, especialmente, do gasoduto Nord Stream 2. A UE, clamando por uma “voz própria” e reforçando a sua dinâmica militarista, subordina-se à política belicista dos EUA e da NATO.
É condenável que o Governo português em vez de intervir para favorecer o desanuviamento da situação e facilitar uma solução negociada, se insira na dinâmica que alimenta o clima de tensão com a adopção de posicionamentos e medidas ditadas pela estratégia dos EUA e da NATO.
Em defesa dos interesses e das aspirações do povo português e dos povos do mundo, Portugal não deve alinhar-se, como está a acontecer, com a estratégia de tensão norte-americana e atlantista, que está na origem do agravamento da situação internacional. Desde logo Portugal deve recusar envolver militares portugueses na escalada de confrontação que está em curso.
Portugal deve pugnar pela solução pacífica dos conflitos internacionais, pelo desarmamento, pela paz, contribuindo para pôr fim à escalada de confrontação e privilegiar um processo de diálogo com vista a promover a segurança na Europa, no respeito dos princípios da Constituição da República Portuguesa, da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
O PCP apela ao desenvolvimento da luta contra a escalada de confrontação, as agressões e as ingerências do imperialismo, contra o alargamento da NATO e pela sua dissolução, contra a militarização da União Europeia, pela paz e o desarmamento.