Declaração de João Ferreira, Membro do Comité Central do PCP e deputado no Parlamento Europeu

Sobre a reunião do Eurogrupo, interrompida sem conclusões

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A reunião do Eurogrupo, interrompida sem conclusões, demonstra, por um lado, as contradições que corroem a União Europeia e a Zona Euro. Por outro lado, evidencia a ausência de soluções que não passem pelo empurrar dos estados para mais endividamento, associados a novos e velhos condicionalismos e constrangimentos, que os trabalhadores e os povos serão chamados a pagar.

Um cenário que confirma a ausência de qualquer “solidariedade europeia” e que, pelo contrário, confirmam a União Europeia como parte do problema.

A situação que vivemos coloca como objectivos primordiais: proteger a saúde, em especial dos grupos mais vulneráveis; defender os rendimentos dos trabalhadores e das suas famílias; defender o emprego com direitos; assegurar a solvência das micro, pequenas e médias empresas; e relançar a actividade económica, com especial enfoque nos sectores produtivos, combatendo a dependência do País.

As medidas discutidas no Eurogrupo não garantem nada disto. Acrescentariam dívida a uma dívida colossal e amarrariam o País a renovadas linhas de pressão e de imposição de políticas que bem conhecemos, e que estão na origem de problemas e défices estruturais, cujas consequências económicas e sociais estão bem à vista.

Sem prejuízo da necessária articulação com países com interesses e enfrentando dificuldades semelhantes, Portugal e os portugueses não podem ficar reféns das contradições e dos impasses da União Europeia.

Tal como na crise que irrompeu em 2008, a presente situação e os seus previsíveis desenvolvimentos demonstram que um país sem soberania económica e monetária, sobreendividado, à mercê da chantagem dos especuladores e das instituições europeias, perante a total ausência de mecanismos de genuína solidariedade no plano europeu, terá mais dificuldades em defender o seu povo, os trabalhadores, as suas condições de vida, e a recuperação da actividade económica. Nessa medida, como tem sublinhado o PCP, ganha força a necessidade de um caminho de recuperação de imprescindíveis instrumentos de soberania, designadamente no plano económico e monetário.

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