Já vimos antes inflamadas profissões de fé na liberalização de outros sectores de actividade económica.
A verdade porém é que o mercado único das comunicações electrónicas, como a vida e prática o vieram a comprovar noutros sectores de actividade, está feito à medida das grandes potências e dos seus monopólios. Perdem os trabalhadores. Perdem os consumidores, que nunca vêem concretizadas as miríficas promessas.
Avança a concentração monopolista, avança a apropriação privada de bens públicos – como o espectro ou a internet, cuja neutralidade é posta em risco para satisfazer as perspectivas de negócio de alguns colossos do sector.
Mesmo aquele que é agitado como o grande benefício deste regulamento – o fim das taxas de roaming – no reino do domínio das multinacionais, não é isento de potenciais efeitos perniciosos.
Ainda há poucas semanas, a presidente do organismo que reúne as 28 entidades reguladoras nacionais do sector das telecomunicações afirmava que, em face em face dos fluxos turísticos dominantes na Europa, os países do Sul sairão prejudicados. E serão as populações que não viajam desses países a ter de suportar os custos associados à eliminação das tarifas de “roaming”, através de um aumento das suas tarifas.
Ainda não temos resposta convincente para estes alertas.