Este relatório é uma prova cabal de como a maioria deste Parlamento acompanha, apoia e promove tão entusiasticamente como a Comissão Europeia o aprofundamento e aceleramento do processo de liberalização e privatização de serviços que, em muitos casos, são ainda públicos. Este é o relatório que anseia o festim que sairá da implementação do 3o Pacote da Energia. O festim da liberalização, da sacrossanta "competitividade" e livre concorrência. Mas quem é que festeja, quem beneficia e sempre beneficiou com a privatização dos serviços públicos de energia? Não foram os trabalhadores, não foram as Pequenas e Médias Empresas. Foram sim, os grandes grupos económicos que passaram a dominar o sector, foram os grandes monopólios transnacionais que acumulam lucros formidáveis à custa de um serviço que deveria ser público e servir os reais interesses das populações.
É extraordinário como se mascaram os interesses privados nos processos de liberalização e tenta-se imputar esse interesse aos consumidores, falando da opção de escolha activa dos consumidores. Não é o interesse dos consumidores que será protegido com a liberalização mas a garantia dos lucros no estabelecimento de preços. As infraestruturas com financiamento público que o relatório pede poderiam ser importantes, mas vão ser feitas à justa medida das necessidades dos interesses privados do sector. Interesses defendidos em sintonia pela direita e pela social-democracia deste Parlamento.