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Intervenção de Aleka Papariga, Secretária-Geral do C.C. do Partido Comunista da Grécia, Comício Internacional «Pelo emprego com direitos. Por uma Europa de progresso social, paz e cooperação»

A melhor defesa é o ataque

Transmito a esta vossa grande e dinâmica reunião as saudações mais calorosas e combativas dos comunistas gregos e de todos os que, de mãos dadas com os comunistas, reagem e acreditam na força dos povos e na possibilidade que os operários e empregados têm de moldar para si mesmos os anos que aí vêem, o século XXI.

Coordenemos as nossas acções, unamos os nossos esforços, internacionalizemos a nossa luta - essa é a única via dos povos europeus contra a política e os consensos neoliberais e contra os pactos contraídos pelos governos dos países membros no quadro da UE e da NATO.

Pensamos que a questão fundamental que se coloca a cada povo da Europa é a de saber se se julga a realidade actual como definitiva e irremediável. A saber, as quatro liberdades que o Tratado de Maastricht ratifica aberta e provocantemente: liberdade de circulação dos capitais, das mercadorias, dos serviços e da força de trabalho. Aceitaremos como fatalmente inevitável a supressão das conquistas sociais que foram obtidas com sangue e sacrifícios ao longo do século XX?

Os comunistas gregos, mas também parte importante dos trabalhadores gregos, asseguro-vos que respondem categoricamente NÃO.

Sim, as relações de trabalho devem ser modernisadas, sim, certas conquistas dos trabalhadores e dos povos estão superadas. Que mudem. Mas as mudanças que agora estão a ser introduzidas nas relações de trabalho e na política social anulam as conquistas sociais, substituídas por novas cadeias, novos meios e métodos de exploração mais odiosa e mais dura. Dois terços dos trabalhadores são condenados a ser semi-trabalhadores e semi-desempregados. O desemprego é repartido. Em vez de ser reduzido, aumenta. Eles não querem e não podem suprimi-lo.

Nós dizemos na Grécia que a melhor defesa é o ataque. A via da luta de classes, da aliança social e política, lá onde tal é hoje possível, é a via que serve os interesses dos povos. Via difícil e muito complexa. O que é certo, porém, é que exige menos sacrifícios que os sacrifícios ditados pela União Económica e Monetária.

Na hora actual nós temos um problema específico de importância extremamente grave: a criação de forças de intervenção rápida a partir dos exércitos regulares ou de soldados mercenários. Os contingentes de Rambos são a chave da nova estratégia da NATO. São exércitos de ocupação sob a máscara de ajuda humanitária e da pretensa manutenção da paz. Já duas vezes, soldados e oficiais gregos participaram em tais acções, na Bósnia e agora na Albânia, este país que tão cruelmente sofreu. Com o seu levantamento, o povo albanês não pedia coisas excessivas. Pedia que Berisha se fosse embora. Afinal, o governo mudou mas Berisha continua e é ele que define as regras das eleições.

Na Grécia temos o slogan "Nenhum soldado fora do seu país". Claro, não conseguimos impedir aquela decisão, mas contudo vemos que hoje uma grande parte do povo grego compreende, e decerto nos próximos anos um poderoso movimento pacifista vai ampliar-se e opôr-se na região aos planos da "Nova Ordem".

Na Grécia, lutamos por um referendo sobre o Tratado de Maastricht. Estamos certos que um referendo, apesar dos mecanismos de desinformação, será uma boa lição para aqueles que querem que os povos sejam eleitores mal informados e passivos. Bruxelas e os governos que formam a UE não poderão fazer o que querem e invocar o consenso e a tolerância dos povos.

A evolução da Conferência Inter-Governamental está mais ou menos determinada. As margens de que a UE dispõe para fazer concessões aos povos são terrivelmente limitadas. Mas há por outro lado os recursos que os povos têm para lutar, e eles estão longe de estar esgotados.

Pensamos que amadurecem novas lutas a nível nacional e a nível europeu. O que é preciso é que elas sejam apoiadas pelas forças de vanguarda, para que a grande maioria dos povos europeus, que tem aspirações e reivindicações radicais, possa encontrar terreno para se exprimir. O que podemos conseguir hoje, não o devemos deixar para amanhã ou depois de amanhã. Se a classe operária europeia não se colocar à frente, se os povos não lutarem organizadamente pelos seus interesses, então a Europa da cooperação, da paz e do progresso não passará da uma utopia.

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