Mais de mil milhões de lucros da GALP são o outro lado das dificuldades crescentes do povo português

1 - Os resultados de 2022 que a GALP anunciou hoje são mais um exemplo do quanto está a ser acumulado pelo grande capital à custa do aumento de preços e da especulação com os preços da energia.

O lucro (RCA) do Grupo alcança uns extraordinários 1,104 mil milhões de euros (os 881 milhões anunciados mais os 223 milhões distribuídos a interesses minoritários nalgumas empresas do grupo). Face a 2021, trata-se de um aumento de 84%.

São resultados esperados, que são comuns a todo o sector da produção e distribuição de petróleo, e que reflecte o brutal aumento de preços ocorrido em 2022, que no essencial foi apropriado pelas petrolíferas à custa dos consumidores, sejam cidadãos ou empresas.

2 - O anúncio à CMVM revela ainda a continuação de uma política de inaceitável apropriação da riqueza pelos accionistas através da descapitalização progressiva do grupo, pois estes vão receber mais da empresa que os lucros gerados por esta: se em 2021 esta prática significou o pagamento de 750 milhões de euros em dividendos aos accionistas face a 600 milhões de lucros, em 2022, esses números crescem para 1,165 mil milhões de euros face a um lucro de 1,104 mil milhões.

Estes lucros são essencialmente transferidos para o estrangeiro, reflectindo uma estrutura accionista essencialmente estrangeira (a presença portuguesa está praticamente reduzida aos 18,2% efectivamente detidos pelo Grupo Amorim, e aos 7,6% detidos pela Parpública).

3 - Estes resultados confirmam a necessidade de uma política que contenha o aumento de preços, que liberte o País das amarras aos mecanismos especulativos e liberalizados de definição de preços do combustível e da energia à escala da União Europeia e demonstram que a redução de impostos sobre os combustíveis foi, no essencial, açambarcada pela empresas petrolíferas. Estes resultados confirmam ainda que a propriedade privada das empresas estratégicas acaba por virar-se contra a própria economia nacional.

Consequentemente, o PCP entregou hoje na Assembleia da República um projecto-lei para a retoma do controlo público da GALP, consciente da necessidade de devolver ao Estado português um instrumento fundamental para que este possa intervir no sector dos combustíveis, e colocá-lo, de novo, ao serviço do povo português e do desenvolvimento económico do País.

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