Deitando por terra as ilusões de alguns aquando do voto em primeira leitura, em resultado das negociações são agora ainda mais nítidas as reais intenções deste regulamento.
Vale a pena relembrar os motivos que, logo na primeira leitura, justificaram o nosso voto contra. Estamos perante um passo de gigante no aprofundamento do processo de liberalização do sector, que favorece as grandes potências e as suas multinacionais à custa de postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores.
Redefine-se agora mais claramente a tentativa de apropriação da internet pelos colossos do sector (à medida dos interesses dos quais está feita esta proposta legislativa), pondo irremediavelmente em causa, ao contrário do que é afirmado pela relatora e demais defensores desta proposta, a sua neutralidade. Só por si, isto já justificava o nosso voto contra.
Mas outras razões existem para a rejeição desta proposta – que, mais uma vez, direita e social-democracia apoiaram conjuntamente. Veja-se o caso do tão propalado fim das taxas de roaming – previsivelmente feito à custa das populações dos países com maiores afluxos turísticos, como Portugal, que pagarão com o aumento das respectivas tarifas os custos do fim do roaming. Para isto mesmo vieram alertar os chamados reguladores, sem que da Comissão Europeia se tenha, até à data, visto resposta satisfatória.