A abordagem ao financiamento do desenvolvimento patente neste relatório ignora o quadro de relações de interdependência assimétrica típicas do capitalismo globalizado, geradoras de um desenvolvimento desigual à escala global.
Daqui decorre a sua grande e incontornável limitação.
Com a desigualdade económica vem a dependência e a subordinação políticas. São diversos os instrumentos promotores do círculo vicioso de empobrecimento, dependência e subordinação. É o caso da dívida externa. Várias vezes paga e não obstante sempre crescente, não haverá política de cooperação para o desenvolvimento séria e eficaz sem abordar esta questão nem sem o imprescindível cancelamento desta dívida e dos mecanismos que a sustentam. Esta questão é pura e simplesmente ignorada pelo relatório. Como o são também os efeitos devastadores das intervenções do FMI e o Banco Mundial – promotoras da drenagem de recursos endógenos para os ditos doadores, recursos que chegam a ultrapassar os montantes da Ajuda Pública ao Desenvolvimento.
A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) é crucial e deve aumentar, de acordo até com compromissos assumidos mas não cumpridos. Valorizamos o que o relatório refere a este respeito. Mas tal como a APD, por si só (mesmo que aos níveis desejáveis), não chega, assim também este aspecto positivo do relatório não chega para fazer dele um bom relatório. Longe disso.