Sr. Presidente, Sr. Deputados,
O Dia Internacional da Mulher é um Dia para celebrar a vida que é de luta todos os dias.
Um dia de luta e de homenagem a todas as mulheres que não desistem de lutar por um país mais justo e uma vida melhor para elas e para todos.
Um dia de homenagem
A todas que com horários de trabalho do século XIX, são obrigadas no século XXI a jornadas de 9, 10 e 12 horas diárias de trabalho em troca de um salário de miséria;
A todas as que combatem discriminações salariais diretas e indiretas, e as que resistem à repressão, intimidação e assédio no local de trabalho, e um forte abraço à operária corticeira Cristina Tavares que desde há vários meses resiste historicamente em defesa dos seus direitos.
A todas as que trabalham por turnos, aos sábados, domingos, feriados numa absoluta selvajaria de horários sem a devida compensação salarial e tempo de descanso por esse prejuízo;
A todas as que vêm recusado o horário para acompanhamento dos filhos, e a quem obrigam a decidir se mantém o posto de trabalho ou se são acusadas de abandono dos filhos;
A todas as que não podem deixar de cumprir horários desumanos e são obrigadas a deixar os filhos com familiares, irmãos, vizinhos, sem condições de estabilidade para os acompanhar e ver crescer.
Um dia de homenagem
A todas as mulheres que saem de casa de madrugada quando todos ainda dormem, asseguram a limpeza de tantos locais de trabalho, como aqui na Assembleia da República, onde fazem falta todos os dias, mas são subcontratadas através de empresas que pagam salários muito baixos;
A todas as mulheres que, por todo o país, e também aqui nesta casa asseguram bares e cantinas, garantem condições de trabalho, mas auferem salários muito baixos para o valor e a importância do seu trabalho;
A todas aquelas que quando chegam à paragem de autocarro, à estação do comboio ou à plataforma barco, já carregam às costas horas de trabalho doméstico não remunerado e poucas horas de sono;
Ou aquelas que sem transportes públicos são obrigadas a quase pagar para trabalhar;
Um dia de homenagem
A todas as avós que esticam pensões e salários para ajudar filhos e netos.
A todas aquelas que são obrigadas a abandonar o trabalho para acompanhar os filhos e idosos com necessidades especiais;
A todas as mulheres imigrantes que sobrevivendo com tantas dificuldades conseguem enviar dinheiro para as suas famílias nos seus países.
A todas elas dizemos que os direitos nunca foram oferecidos.
Foram sempre conquistados com a coragem e a resistência de gerações e gerações de mulheres, ao longo dos séculos.
A todas reafirmamos o nosso compromisso de não ceder um milímetro no combate em defesa dos direitos das mulheres na luta pela igualdade na família, no mundo do trabalho, na sociedade; no combate diário à violência doméstica, contra todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres.
Hoje, como sempre continuaremos a erguer a bandeira das mulheres e dos homens que não desistem de lutar pela sua dignidade, porque a luta emancipadora das mulheres é inseparável da luta por uma sociedade mais justa e avançada.
E por isso em breve, com a discussão e votação da legislação laboral, cá estaremos a propor o fim da desregulação do horário de trabalho, dos bancos de horas, adaptabilidades e horários concentrados;
A defender o aumento do salário mínimo para 650€ ainda este ano, o aumento geral dos salários, as 35 horas para todos os trabalhadores no público e no privado; o combate à precariedade; o respeito total pelos direitos de maternidade e paternidade.
É disto também que falamos quando celebramos o Dia Internacional da Mulher.
Um dia para homenagear a longa, corajosa e heroica luta de gerações e gerações de mulheres deste país e do mundo,
E renovar o compromisso de concretizar na vida a igualdade que existe na lei.
Para isso sabemos que contamos com as mulheres que neste país sobrevivem, resistem e lutam por um país mais justo.
E que amanhã vão construir em Lisboa uma grande manifestação convocada pelo Movimento Democrático de Mulheres, na luta pela igualdade na vida, que é sem dúvida, o combate do nosso tempo.
Disse.