Incluindo aspectos positivos que devem ser valorizados (nomeadamente a defesa do fim do sigilo bancário), este relatório deixa de fora práticas e políticas que são responsáveis pelo alastramento deste fenómeno. A estratégia aqui defendida debruça-se quase exclusivamente sobre o combate à corrupção, em detrimento de uma abordagem mais eficaz que passaria por medidas de prevenção.
O relatório não apresenta medidas para combater as causas mais profundas do crescimento da corrupção nas relações da UE com países terceiros, nomeadamente a abertura dos mercados ao domínio e à expansão dos monopólios da UE, dos seus recursos naturais e energéticos, ao domínio geoestratégico e diplomático. Não só não denuncia como apoia as políticas de ingerência da UE nos assuntos internos de países terceiros, a manipulação das disputas políticas, religiosas e étnicas internas, o acicatar dos conflitos (de que é exemplo a Síria), a busca de aliados políticos e económicos dispostos a alienar a soberania dos seus povos com o objectivo de melhor satisfazer os interesses próprios, do seu grupo, da UE e das suas grandes potências. São exemplos concretos desse querer manter as opções fundamentais intocáveis - a defesa da “avaliação do risco de corrupção” ou de “maior transparência” nos chamados ajustamentos estruturais, quando são mais do que conhecidos os seus efeitos.