A sensação de alívio pela aparente contenção da progressão da epidemia de Ébola não deve fazer abrandar a necessária vigilância e muito menos esquecer este problema.
É tempo de saudar e agradecer toda a ajuda internacional. Permitam-me que aqui particularize o gigante exemplo de um pequeno país – Cuba – que sozinho enviou mais médicos e enfermeiros para os países afectados que o conjunto de todos os demais países ocidentais.
Mas a grande questão continua a ser atacar as causas profundas que estiveram na base da propagação do Ébola.
As receitas do FMI e do Banco Mundial, os seus célebres planos de ajustamento, arrasaram a já frágil infra-estrutura de saúde nestes países, arrasaram serviços públicos, de saúde e não só, criando uma situação de incapacidade para fazer frente à progressão da epidemia.
É necessário romper com esta submissão. Desmascarar a hipocrisia de uma certa “ajuda” internacional, em que mais de metade dos recursos regressam aos “doadores” para pagar uma dívida já várias vezes paga e não obstante sempre crescente.
É necessário acabar com este garrote. A anulação da dívida externa dos países afectados é por isso, antes de mais, uma questão de justiça.