A União Europeia tem responsabilidades próprias nos impasses e bloqueios registados nas negociações internacionais.
Reivindica liderança nos esforços de combate e às alterações climáticas, mas persiste ela própria com metas de redução de emissões abaixo das recomendadas pelo IPCC.
Mas mais do que estabelecer metas é necessária uma definição realista dos meios para as alcançar.
Irónica e tristemente é a profunda crise económica em que estamos mergulhados quem mais vai fazendo por conter as emissões de gases de efeito de estufa.
Centrada nos “instrumentos de mercado” que já mostraram o seu fracasso, a sua ineficácia e perversidade, a União Europeia insiste em recusar enfrentar a necessidade de diversificação dos instrumentos utilizados para alcançar objectivos de redução.
O clima, para muitos, ainda é mais um bom pretexto para lucrativas oportunidades de negócio do que um motivo de preocupação séria e genuína sobre o futuro do planeta que habitamos.
Importa aqui assinalar a incoerência de políticas – por exemplo, de liberalização e desregulação do comércio internacional – que aumentam significativamente as emissões de gases de efeito de estufa inerentes à satisfação das necessidades humanas.
E importa aqui lembrar os milhões que, desde 2009, com grande alarido mediático, se anunciaram para a mitigação e adaptação às alterações climáticas. Que é feito desse dinheiro? Que é feito do financiamento dito de arranque rápido e do que se lhe devia seguir?