Senhor Presidente, o problema da desertificação é um problema ambiental ou climático, mas é essencialmente um problema da relação do ser humano com a natureza, é um problema humano, social e económico.

As conclusões da COP16 contêm muitos dos elementos relevantes para o debate sobre o combate à desertificação, mas revelam também as muitas dificuldades que é preciso ainda superar.

Há muito por fazer para que haja verdadeiramente soluções, relativamente ao uso e à gestão eficientes da água e dos recursos hídricos, relativamente à ocupação e ordenamento equilibrado do território, relativamente à promoção de práticas produtivas sustentáveis, equilibradas, seja na agricultura, na pecuária, na silvicultura.

Há muito por fazer no investimento público que é preciso nos territórios rurais, para travar o abandono da população e a consequente desertificação do território.

Permitam-me trazer, aqui, um aspecto que é relevante em Portugal, que é o montado de sobreiros e azinheiras, que é característico do meu país. O montado não é apenas um conjunto de árvores que retêm carbono e resistem melhor aos incêndios. O montado é um sistema Agro-Silvo-Pastoril que tem de ser encarado como tal em todas as suas dimensões, não apenas pelo valor ambiental, mas pelo enorme valor social que tem, porque cria emprego, fixa as populações, permite práticas produtivas sustentáveis e equilibradas, garante um adequado ordenamento do território na compatibilização da sua utilização para fins produtivos, mas também tem preocupações ambientais.

Este é um exemplo do investimento que precisamos de fazer em áreas e em recursos que, sendo naturais de cada país, naturalmente permitem uma resposta mais eficaz ao combate à desertificação.