Os efeitos negativos da liberalização e desregulação do comércio internacional impõem-se de tal forma à evidência que mesmo os arautos do livre comércio acabam por ter de reconhecer, pelo menos formalmente, a necessidade de algum nível de regulação (ínfimo que seja). Ou, usando a sua conhecida retórica belicista – ela mesma elucidativa quanto aos propósitos que serve – a necessidade de “medidas de retaliação defensiva”.
Ora, o que a experiência nos demonstra é que, sob o pano de fundo da liberalização, não nos bastam instrumentos que, quando accionados e se é que alguma vez o chegam a ser, já muito estrago foi feito!
Precisamos sim, de um comércio internacional regulado, orientado para a complementaridade e não para a competição – entre produções, produtores e países. Uma competição em que todos perdem – trabalhadores, populações e ambiente.
A atribuição à UE da competência exclusiva no domínio da política comercial serviu e serve apenas, como também nos mostra a experiência, para defender os interesses “ofensivos” e “defensivos” das grandes potências, interesses frequentemente diferentes ou mesmo antagónicos com os de outros países, em especial os dos Estados-Membros de economias mais débeis.