Do que aqui estamos a falar é de Tratados de Livre Comércio (TLC), hoje com designações mais eufemísticas, pela má fama de que gozam e pela história catastrófica de acentuação das desigualdades que originaram. Embora nos tentem vender estes Tratados com supostos objectivos de cooperação, a verdade é que os TLC não são mais do que mecanismos de neo-colonização das periferias e apropriação dos seus recursos. Várias organizações sociais europeias e latino-americanas têm alertado para as catastróficas consequências sociais, económicas e ambientais que os TLC irão provocar. Têm alertado para o facto de que o principal objectivo dos TLC é aumentar a importação europeia das matérias-primas para a produção de agro-combustível, o que provocará uma enorme pressão sobre recursos como a terra e a água com o estabelecimento de monoculturas que terão efeitos devastadores do ponto de vista da criação de uma previsível crise económica, alimentar e energética, para além de impactos ambientais assinaláveis. Estes acordos “bíblias” da liberalização serão certamente também prejudiciais para os pequenos e médios produtores de vários países da UE que verão os mercados inundados de produtos hortícolas e frutícolas a baixos preços.
Para aqueles que advogam o Parlamento Europeu como instituição de contrapeso em relação às propostas da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, a aprovação dos TLC é mais um exemplo de que a maioria do PE não representa nenhum tipo de alternativa sendo, antes, uma caixa de ressonância fiel daquelas instituições. Veremos como será a votação amanhã.