Intervenção de Vladimiro Vale, Membro da Comissão Política do Comité Central, XII Assembleia da Organização Regional de Castelo Branco «Tomar iniciativa, Reforçar o Partido, Lutar pelo desenvolvimento do distrito!»

Abertura da XII Assembleia da Organização Regional de Castelo Branco

Abertura da XII Assembleia da Organização Regional de Castelo Branco

Boa a tarde a todos os camaradas, saúdo em particular os convidados.

Esta Assembleia da Organização Regional de Castelo Branco do PCP foi o culminar de um processo de discussão nos organismos do Partido, nos plenários e nas Assembleias Electivas realizadas no Distrito.

Nos meses que a antecederam, já no processo de preparação da Assembleia, dezenas de militantes deram o seu contributo, a sua opinião e sugestão, mas também a sua crítica. Todos ajudaram a analisar a situação no distrito e a traçar medidas de reforço do partido. No Partido discutimos, e por vezes discutimos com dureza, mas discutimos para unir. Outros discutem para encontrar diferenças, no partido da classe operária e de todos os trabalhadores isso seria destrutivo.

Por isso temos que valorizar o processo de preparação da assembleia, apesar de não estar isento de dificuldades que refletem as nossas dificuldades orgânicas e do quadro em que lutamos.

O défice demográfico não devia ser uma fatalidade, mas é uma dura realidade. Em termos económicos o distrito aumentou o seu afastamento face à média nacional. Os Salários baixos são a norma no distrito. O distrito de Castelo Branco continua a perder postos de trabalho e emprego. A precariedade é uma chaga que progride no distrito.  O desemprego continua a ter um forte impacto. Só com outra política que aposte na produção nacional e na reindustrialização, no investimento público e na valorização de quem trabalha, na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado é possível romper com este ciclo.

Após a última Assembleia, em 2019, o quadro político e a acção do PCP, no país e no distrito, ficaram marcados, pelas decisivas lutas dos trabalhadores e das populações, pelas comemorações do Centenário do PCP, pela realização de actos eleitorais, em particular as eleições autárquicas, eleições para a Assembleia da República em outubro de 2019 e em janeiro de 2022,  pelo sério e perigoso agravamento da situação internacional em resultado da investida exploradora e agressiva do imperialismo e por uma intensa e prolongada operação contra o PCP, sustentada na mentira, na deturpação, na difamação e na promoção de preconceitos. 

No distrito o PCP teve um papel determinante em defesa dos Trabalhadores, na denúncia e combate à exploração e à precariedade laboral; Onde houve luta e necessidade de solidariedade lá esteve o PCP junto dos trabalhadores da empresa têxtil Dielmar, e do grupo Paulo de Oliveira e do sector dos lanifícios, junto dos trabalhadores do Hospital Amato Lusitano; dos trabalhadores da Resiestrela. Junto dos trabalhadores das autarquias por melhores condições de trabalho e pela implementação de um subsídio de penosidade e risco. Pela Contagem Integral do Tempo de Serviço dos professores. Junto dos trabalhadores dos centros de contacto, da APTIV. da Navigator, das minas da Panasqueira, dos Militares da GNR, dos agentes da PSP, dos trabalhadores na Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, entre muitos outros.

Lá esteve o PCP em defesa do Aparelho produtivo. Junto dos agricultores, em importantes jornadas de luta como a marcha de tractores realizada no Fundão. Mas também junto dos compartes dos Baldios ou na exigência do regadio a sul da Gardunha, salvaguardando a água para consumo humano;  na exigência de apoios à floresta e agricultura familiar; no alerta para as consequências para o comércio tradicional da abertura de grandes superfícies comerciais; na reivindicação de medidas de apoio à produção industrial.

Persistentemente mantivemos a exigência de apoios para zonas afectadas pelos incêndios na Zona do Pinhal, mas também na Serra da Estrela. Lá esteve o PCP a avaliar os prejuízos, exigindo reposição da capacidade produtiva.

O PCP teve um papel na luta pela água pública em defesa do Ambiente, denunciando problemas de poluição, denunciando que os recursos naturais e minerais, geridos com a lógica do lucro, são fonte de injustiças e degradação ambiental. Lá esteve o PCP exigindo meios de gestão e monitorização ambiental, promovendo a campanha “Salvar os nossos rios”, lutando por meios para as áreas protegidas, lutando por uma política de conservação da natureza que tenha em conta as actividades tradicionais, as populações locais, essenciais para a salvaguarda da natureza e dos ecossistemas.

Cá estão os comunistas na luta contra o encerramento de serviços de saúde, como o agora novamente anunciado encerramento de maternidades. Em defesa dos cuidados primários de saúde, denunciando as consequências da falta de pessoal, como no caso do centro de saúde de Idanha-a-Nova. Mas também na reivindicação de cuidados continuados no SNS. Denunciando que as dificuldade de funcionamento do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira não podem ser desligadas das opções de desinvestimento no SNS dos anúncios de mais e mais unidades hospitalares privadas, como na Covilhã, ou da construção de uma unidade de cuidados continuados por uma multinacional do sector, também na Covilhã. Denunciando que os grupos privados da doença, para além de aproveitarem as transferências do Estado para aumentar os seus investimentos, têm aproveitado as más condições laborais e salariais dos trabalhadores do SNS para os atrair para as suas unidades. 

Contra o encerramento, privatização e destruição de serviços públicos, estações de correio, balcões bancários.

Lá esteve o PCP na defesa da Escola Pública e pela valorização da Universidade da Beira Interior e do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Na reivindicação persistente de transportes públicos acessíveis a todos, defendendo a Linha da Beira Baixa e o reforço de material circulante e horários.  Defendendo a melhoria das acessibilidades. Pela concretização do IC31, em perfil de auto-estrada, sem portagens. Pelo prolongamento do IC6. Lá estiveram os comunistas nas acções de luta pela abolição das portagens na A23 e A25.

Em defesa da cultura e do património. Junto dos trabalhadores da cultura, dos agentes culturais e colectividades exigindo meios e um verdadeiro serviço público de cultura. Lá esteve o PCP em Defesa de direitos liberdades e garantias, pelo direito à propaganda, por meios para a justiça.

A diversidade da intervenção, de propostas revelam o conhecimento que PCP tem do distrito, na defesa dos direitos dos trabalhadores, dos intelectuais, do conjunto dos agentes e criadores de cultura, dos micro, pequenos e médios empresários, dos agricultores, dos reformados, dos jovens, das mulheres, das pessoas com deficiência, pela Paz e pelo desenvolvimento regional.

Apesar das deficiências identificadas e que importa ultrapassar, o trabalho, a luta e a intervenção do Partido no distrito revelou-se fundamental e imprescindível em defesa dos trabalhadores e das populações, existindo reais potencialidades de crescimento do Partido.

Apesar do aumento de organismos concelhios com reunião regular, mantém-se heterogeneidade no grau de estruturação nas várias organizações do Partido no Distrito, persistem organizações concelhias que são organizações de base, pois não há estrutura ao nível de freguesias e de empresas. Nos organismos e sectores profissionais, torna-se necessário melhorar muito o seu funcionamento, sempre no sentido de favorecer o contributo para o fortalecimento das organizações de base – as células. No seguimento da acção dos 5 mil contactos, foi desenvolvida uma acção de criação de novas células e a definição de mais responsáveis por células, desde já concretizando o objectivo definido no âmbito do centenário do Partido de responsabilização de 100 novos camaradas por células e de criação de 100 novas células de empresa, local de trabalho e sector até Março de 2021. No distrito criaram-se 2 novas células e identificaram-se outras possibilidades de novas células.

Camaradas,

Só regularizando o funcionamento dos organismos, melhorando a sua ligação aos problemas dos trabalhadores poderemos potenciar a intervenção política do Partido. Conhecer, reflectir e intervir pela resposta aos problemas das populações.

Ligar o partido às massas.

Importa adequar em cada organização as medidas de direcção e quadros, com vista ao reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho;

Reforçar a organização e a intervenção junto dos operários e dos trabalhadores, nas empresas e nos locais de trabalho.

Assegurar que este Partido mantém a sua natureza de classe e os seus princípios.

Reforçar a militância e o trabalho colectivo.

Acautelar a formação ideológica dos seus quadros.

Recrutar, integrar, acompanhar e responsabilizar quadros.

Contribuir para a independência financeira do PCP.

Alargar o trabalho político unitário, trabalhar com democratas e patriotas, lutar com as populações e trabalhadores por objectivos concretos.

Camaradas,

Não perdoam o papel que o PCP teve e tem na criação e defesa do nosso Regime Democrático, a defesa intransigente da Constituição da República Portuguesa, alicerçada nos valores de Abril,

Não perdoam o papel que tivemos no travar dos objectivos do governo PSD/CDS e, ainda por cima, concretizar um caminho de defesa, reposição e conquista de direitos.

Não perdoam que a nossa acção apenas comprometida com os interesses do povo e dos trabalhadores, e que mesmo com todas as pressões não cedemos no que é fundamental.

Não perdoam a exigência de resposta aos problemas que o País enfrentava e enfrenta.

Não perdoam que sejam os comunistas, nas empresas e locais de trabalho, a travar os seus objectivos de divisionismo sindical ou a de formação de pseudo-organizações dos trabalhadores amigas do patrão.

Não perdoam que analisemos a situação internacional com multi-lateralidade. Recusando simplismos. Identificando todos os responsáveis do aumento da confrontação, da ingerência e da guerra,

Não perdoam que continuemos relevantes e intervenientes, quando eles já nos decretaram a morte mil vezes!

Parafraseando Neruda: os comunistas por todo o lado levam pauladas, vivam os nazis, os racistas, ou xenófobos, os conservadores que não lavam os pés ideológicos há quinhentos anos, os anarco-capitalistas, vivam todos menos os comunistas!

Há quem ataque o PCP porque reconhece aqui o seu inimigo de classe.

Não esperamos outra coisa! Eles sabem quem os enfrenta!

Há quem ataque o PCP sem perceber que é contra os seus direitos e a democracia que está a apontar as suas armas.

Alguns desses, um dia acordarão e perceberão que afinal era contra o seu pobre e enganado coração que disparavam.

Quando acordarem cá estará o PCP, junto dos trabalhadores e do Povo!

O futuro tem Partido!

A Luta continua!

Vamos ao trabalho camaradas!

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