Intervenção de Edgar Silva, Comité Central, XXII Congresso do PCP

A coragem e determinação na Acção do PCP

Ver vídeo

''

Caros Camaradas,

A promoção intensiva do individualismo é uma  das componentes da atual ofensiva ideológica.

Nós somos inundados pela uma virulenta gramática do egoísmo social. Em contraposição aos valores da militância política, da solidariedade e da cooperação entre indivíduos e povos, um individualismo exacerbado é apresentado como estruturante do pensamento único que teima em se instalar no nosso meio.

Quer seja através do papel das plataformas digitais, quer contando com os padrões de entretenimento ou modos de vida social, que têm na publicidade e na comunicação social peças essenciais, a cultura do egoísmo é propagada através de um individualismo avassalador que toma conta das pessoas.

Numa cultura narcísica como a nossa, permeada pela moral do individualismo levada ao seu exagero, cada qual é levado a tratar apenas da sua vida, e a considerar quem se avizinha como o inimigo ou o rival.

A difusão das ideias da competitividade ou sucesso individual à margem das relações sociais; a atomização da vida coletiva; a brutal desvalorização de processos e projetos de transformação das sociedades; a estigmatização das organizações sociais e da sua intervenção no plano dos direitos coletivos; o apelo ao conformismo – são alguns dos exemplos de concepções profundamente enraizadas na sociedade a que pertencemos.

Todas estas dinâmicas são intensificadas nos nossos dias por uma manipulação ideológica que visa descredibilizar as pessoas, projetos e instituições com um consequente compromisso social, com intervenção em favor da justiça social, com propostas para uma nova humanidade.

No contexto internacional, e num quadro em que Portugal não se diferencia, cumulam-se propostas e intensificam-se políticas que ameaçam direitos, condições de vida e a democracia. Esta é, por consequência, toda uma torrente contra a democracia e o regime democrático, de ataque aos seus valores.

Somos espicaçados por toda esta realidade que nos envolve. Enfrentar esta situação exige caminhar contra a corrente. Intervir nesta sociedade requer coragem.  Enfrentar o que aí está pede a coragem como «condição para resistir, avançar e vencer» - como se diz na proposta de Resolução Política deste Congresso. Implica a coragem de se opor: a um problema, a um repto, a um perigo.

É preciso valorizar muito mais a coragem, a coragem da iniciativa, da militância. A coragem é necessária para resistir, começar a lutar e avançar contra a ordem das coisas. A coragem é irmã (gémea) da militância.

Nestes tempos de resistência e de luta somos chamados a afirmar os valores de Abril, a tomar a iniciativa e a abrir outro caminho para o País, somos desafiados à coragem de ousar mais e melhor democracia.

Nestes dias de resistência e de luta mais importará valorizar a coragem política, a consciência e a determinação militante, componentes distintivas da nossa identidade.
Nestes tempos em que campeia o ódio em relação ao outro, ao diferente, onde é premiado o isolado empreendedor e um violento individualismo é imperativo no mercado em que o capitalismo nos quer enredar, hoje, mais se justifica destacar a importância da contínua aprendizagem da coragem. Revalorizá-la. Recriar essa aprendizagem, tão necessária para enfrentar este tempo, nesta etapa da história.

Viva o XXII Congresso!
Viva a JCP!
Viva o PCP!

 

  • XXII Congresso
  • XXII Congresso do Partido Comunista Português