Camaradas,
Os quadros são o elemento essencial de toda a actividade partidária. Sem os quadros, sem os muitos milhares de homens, mulheres e jovens que dinamizam o Partido, que lhe dão vida, que o põem a funcionar de forma estruturalmente organizada, o Partido não estaria em condições de dar resposta aos problemas que diariamente enfrenta.
A intervenção do Partido na vida nacional, como gerador e catalizador de novas ideias e actividades inovadoras para o desenvolvimento da sociedade, não seria possível sem o contributo generoso e dedicado de dezenas de milhar de quadros incansáveis e esforçados, de incontestável capacidade que, a diferentes níveis de responsabilidade, desempenham variadíssimas tarefas e fazem do PCP um partido diferente na sociedade portuguesa.
Esta realidade coloca perante o Partido a imperativa necessidade de dar continuidade e desenvolver uma justa e correcta política de quadros.
A par dos passos positivos que se têm dado neste domínio continuam a verificar-se, em vários aspectos, deficiências e atrasos que merecem reflexão: no melhor conhecimento e acompanhamento dos quadros, na sua preparação e formação, responsabilização e promoção.
O conhecimento e- a avaliação dos quadros nem sempre têm em consideração a necessidade de uma apreciação global, tendo em conta que são homens, mulheres e jovens com as suas características, com as suas qualidades e defeitos, com o seu presente e o seu passado. A linha principal da política de quadros do Partido tem sido baseada, ao longo dos anos, e continua a basear-se, na confiança, na ideia profundamente humanista da capacidade que o Homem possui para se educar e progredir. E sendo o nosso Partido o Partido da classe operária e dos trabalhadores, daqui a importância dos quadros operários, conscientes do seu papel e do papel da sua classe na luta pela transformação da sociedade, na luta por uma sociedade socialista e comunista.
É fundamental também o papel dos quadros intelectuais como de outras camadas intermédias, pela sua participação e intervenção a todos os níveis da actividade do Partido, pela contribuição que dão, em áreas específicas, à luta que é de todos os comunistas, seja qual for a sua origem ou classe ou camada social a que pertencem.
Por vezes a avaliação dos quadros é feita apressadamente, com superficialidade, de modo unilateral, com falta de espírito crítico e autocrítico e acentuando só os êxitos ou só os erros.
As condições em que hoje desenvolvemos a nossa luta exigem dos quadros uma preparação cada vez mais elevada, diversificada e especializada.
A melhor escola para a preparação e formação dos quadros tem sido e continua sendo a escola da vida, do trabalho e da luta. É aí, no contacto diário com a realidade e na busca dos caminhos para superar as dificuldades e transformar a vida, que se revelam e formam os traços característicos dos quadros do Partido.
Contudo, o estudo em geral e, particularmente, o estudo do marxismo-leninismo, o estudo dos princípios teóricos baseado no estudo prático dos problemas da nossa luta e da rica experiência do nosso próprio Partido é fundamental não só para elevar o nível político, ideológico e cultural dos quadros, mas também para forjar o seu carácter.
A preparação política dos quadros é uma tarefa essencial e inadiável em que todo o nosso Partido tem de se empenhar e que só pode progredir se forem tomadas algumas medidas de direcção e organização, aos vários níveis da responsabilidade partidária. A preparação dos quadros mais jovens tem de ser vista como indispensável ao desenvolvimento e ao futuro do Partido.
Uma outra base fundamental de preparação, educação e formação dos quadros do nosso Partido é o trabalho colectivo, que cada vez mais é necessário incentivar.
Os quadros não surgem por acaso. Os quadros emergem da massa dos militantes, das empresas, dos campos e doutras frentes de actividade em que o Partido intervém. Os quadros nascem na luta, destacam-se pela sua intervenção e papel que aí desempenham.
No conjunto dos quadros do Partido, não queremos deixar de destacar os funcionários do Partido. A necessidade e o papel dos funcionários na actividade e na organização do Partido resulta directamente da sua natureza revolucionária e de classe, que determina também as características do seu estatuto político, como militantes com essenciais e especiais responsabilidades num partido que se define como «da classe operária e de todos os trabalhadores».
Ser funcionário do Partido não é seguir uma carreira profissional. É servir com grande disponibilidade um ideal político, ligando com ele a vida, mesmo à custa de sacrifícios e perdas. Ser funcionário do Partido é uma opção de vida, que deve ser considerada e respeitada.
Nas massas, no seio da classe operária e no próprio Partido existe uma fonte inesgotável de potencialidades. E necessário, com audácia e determinação, procurar a forma de descobrir, reconhecer e seleccionar os quadros de que o Partido necessita.