Quero, em nome do Partido FRELIMO, de todos os seus militantes e simpatizantes, e em meu nome pessoal, saudar os delegados ao XV Congresso do Partido Comunista Português, e formular votos de bom trabalho.
Os laços de amizade e solidariedade existentes entre os nossos dois Partidos datam dos tempos da luta comum que travámos contra o fascismo em Portugal e o colonialismo em Moçambique pela instauração de liberdade, independência, democracia, justiça social e paz.
O Partido Comunista Português, pela sua trajectória histórica, pelas suas lutas pelas causas nobres dos trabalhadores e do povo, continua a ser um Partido que merece o nosso respeito e admiração.
O Partido FRELIMO tem acompanhado com interesse e admiração os esforços que o Partido Comunista Português tem desenvolvido a favor da paz e cooperação entre os povos.
Muitos comunistas portugueses bateram-se com valentia pela liberdade e independência de Moçambique, pelo fim da guerra que nos era movida pelos regimes racista da Rodésia e do apartheid . Somos um povo livre e independente há 21 anos.
Hoje, estamos em paz e o apartheid foi eliminado pelo povo sul-africano e por todos os que com ele se solidarizaram. A esses camaradas vai o nosso abraço de gratidão.
Encorajamos o prosseguimento destes esforços que são a base para o desenvolvimento harmonioso dos nossos países.
O povo moçambicano acaba de celebrar o IV aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) e o II aniversário da realização das eleições gerais multipartidárias em que o Partido FRELIMO e o seu candidato, camarada Joaquim Alberto Chissano, sagraram-se vencedores.
No quadro político actual, o Partido FRELIMO entre outros aspectos, considera vital a prossecução de esforços com vista à consolidação na unidade e reconciliação nacional, como pressuposto fundamental à consolidação da independência nacional e para o desenvolvimento socio-económico do país.
Após as eleições multipartidárias, o Partido FRELIMO e o seu governo têm-se empenhado na concretização do seu programa quinquenal de governação.
O nosso Partido está encorajado pelo desempenho do nosso governo saído das eleições multipartidárias. O PIB cresce ao ritmo de 6% ao ano e este ano conseguiu baixar os níveis de inflação e de depreciação da moeda nacional.
O peso da dívida externa e a desigualdade dos termos de troca comercial com o mundo industrializado, tal como acontece na maioria dos países do Terceiro Mundo constituem o calcanhar de Aquiles nos esforços para relançamento da nossa economia.
A nossa participação neste XV Congresso do Partido Comunista Português é uma oportunidade ímpar para o nosso Partido de troca de experiências sobre os diversos temas de actualidade política e dos desafios que se colocam aos partidos de esquerda terminado que foi o período de guerra-fria.
Ainda muito mais importante para nós porque estamos a preparar o nosso VII Congresso, convocado para Maio de 1997.
Esperamos também colher dos camaradas, experiências sobre eleições autárquicas que terão início igualmente em 1997 em alguns municípios do nosso país.
A nível internacional preocupa-nos a situação prevalecente na região dos Grandes Lagos, bem como no Afeganistão.
Apelamos para que seja implementado o processo de paz no Médio Oriente e que sejam respeitados os direitos do povo palestiniano.
Preocupa-nos a lentidão com que decorre o processo de paz angolano. Apelamos à UNITA para que oiça a voz da razão e cumpra o protocolo de Lusaka.
Assistimos hoje ao agravemento do fosso entre o Norte e o Sul, ao crescimento da distância entre a riqueza e a miséria; assistimos hoje ao agravamento do desemprego, quer nos países desenvolvidos, quer nos países do Terceiro Mundo.
A mundialização da economia, se por um lado traz avanços técnico-científicos, em especial nos países industrializados, por outro coloca os países subdesenvolvidos numa situação de marginalização económica e científica.
A actual situação internacional hoje, impõe um desafio muito grande às forças de esquerda em todo o mundo. Esse desafio só poderá ser vencido se encontrarmos uma estratégia conjunta, pois, a nossa luta tem de ser uma dimensão global e não isolada.
Mais uma vez, reitero votos de muitos sucessos nos trabalhos deste XV Congresso do Partido Comunista Português.
Por um futuro melhor
A luta continua.