Intervenção de Florêncio Cacete, Membro da Comissão Política e do Secretariado da DN da JCP, XV Congresso do PCP

A juventude comunista

Em nome da Juventude Comunista Portuguesa, saúdo todos os delegados e convidados ao XV Congresso do nosso Partido.

Partido da verdade, do Progresso e Justiça Social, Partido do Povo e dos Trabalhadores, Partido da Juventude, Partido Comunista Português.

Na educação, a política marcadamente elitista, que elege como objectivo central o afastamento de muitos milhares de jovens dos mais elevados graus de ensino, que tem no Governo do PS e em Marçal Grilo, aplicados executores.

Pois à necessidade de discutir o financiamento para a educação, contrapõe as taxas, à necessidade de acabar com o numerus clausus, responde com novos exames, novas fórmulas de selecção; à necessidade de repensar a educação, de recuperar de 16 de desgoverno Cavaquista, o Governo oferece o diálogo, só o diálogo, nada mais que o diálogo.

Com o desemprego a crescer a olhos vistos, mesmo com o pretenso plano de ataque do governo, a insegurança é hoje palavra comum a jovens de diferentes origens e camadas.

A perspectiva de desemprego aparece aos jovens do Ensino Secundário que se vêem excluidos do Ensino Superior, aos do Ensino Superior que acabam os seus cursos, aos jovens trabalhadores em situação precária.

Problema central para os jovens de hoje o desemprego, ou a ameaça dele, empurram-nos para situações de trabalho precário, com baixos salários, sem direitos e regalias, sem nenhuma possibilidade de participação política ou sindical.

Empurram tantos outros para a exclusão social, aprofundando-se os problemas do alcoolismo, da toxicodependência e da marginalidade.

Se a isto juntarmos as dificuldades de obtenção de uma habitação, a ausência de apoios na saúde ou no desemprego podemos sem dúvida afirmar que a situação actual, não obstante a mudança de governo, se caracteriza ainda pela a instabilidade e a insegurança.

Contra esta situação impuseram-se as movimentações, os pequenos e grandes protestos da juventude como processos de notável envergadura e unidade juvenil, confirmando a juventude como importante força social.

Força social que tem opinião, que tendo como adquiridos direitos arduamente conquistados, faz questão de não abrir mão deles, partilhando valores de solidariedade e fraternidade, sabe o que quer e luta por isso.

No quadro do prosseguimento da política marcadamente anti-juvenil pelo PS, para potenciar a grande capacidade de intervenção da juventude, procuraremos sempre, identificando os principais problemas e as reivindicações capazes de mobilizar os diversos sectores, encontrar as formas de, em cada momento, esclarecer, mobilizar e organizar.

Ao conjunto de problemas da juventude, a JCP tem respondido com o conjunto de propostas espelhadas na Base Programática, aprovada no V Congresso da JCP.

Desde o último Congresso do Partido, a JCP realizou com assinalável êxito os seus IV e V Congressos, que contaram com a participação entusiástica e revolucionária de milhares de militantes e amigos, fazendo o balanço da sua intervenção e perspectivando a intervenção futura.

No V Congresso confirmámos que a JCP, organização revolucionária da juventude, alargou a sua implantação regional e se afirmou como uma organização de âmbito nacional e massas, organização sem paralelo na cena política e juvenil portuguesa.

Tendo-se registado um movimento constante de adesões, desenvolveram-se as organizações distritais e surgiram novos colectivos com funcionamento regular e com capacidade de iniciativa o que conduziu ao aumento do número de activistas. Não obstante, continuam a verificar-se debilidades no conteúdo da intervenção dos jovens comunistas o que se procura alterar com as seguintes linhas de trabalho:

Uma profunda ligação ao movimento juvenil, que se traduza no estímulo à intervenção dos jovens comunistas nas associações locais, nas associações de estudantes, no movimento sindical e noutros espaços de intervenção, tendo como objectivos o reforço da sua capacidade e da sua autonomia e independência, conjugado com uma importante acção institucional que reflicta as principais reivindicações do movimento juvenil e dos jovens.

O reforço, incremento e intensificação da acção política da JCP, em torno do nosso projecto de sociedade, da afirmação dos nossos valores e ideais, que procurem levar aos outros jovens as razões porque lutam e trabalham os comunistas.

A diversificação da actividade da JCP, abrindo a organização a novas áreas e interesses, permitindo a criação de novos espaços de participação e responsabilização de jovens. Intervenção que permita também o reforço das organizações do Ensino Secundário e do Ensino Superior, nomeadamente pelo crescimento de colectivos de escola e a dinamização da intervenção dos jovens trabalhadores comunistas junto de outros jovens trabalhadores.

A afirmação do ideal comunista e a formação política e ideológica dos militantes da JCP, assumindo a participação no combate ideológico dos nossos dias, como fundamental.

De 92 para cá muitos passos se têm dado no desenvolvimento da JCP. Contando com um núcleo activo muito dinâmico e empreendedor, o trabalho de muitas organizações da JCP foi em grande parte alicerçado na ajuda inestimável do Partido, nomeadamente os seus quadros mais responsáveis.

É importante que este esforço de discussão prossiga no Partido no sentido de alterar barreiras, preconceitos e incompreensões, que ainda subsistem para, amparados pelo muito que temos para aprender uns com os outros, dar passos ainda mais significativos para o reforço de influência do Partido e da JCP no seio da Juventude.

Conscientes, todos, de que a intervenção junto da juventude constitui e deve de facto constituir uma prioridade do Partido, à qual é necessário dar, a todos os níveis, mais e melhor atenção, para agarrarmos o potencial que ainda existe e que objectivamente constitui situação singular nas últimas décadas, são elementos de significativa importância: o entendimento da JCP como instrumento fundamental e privilegiado para a intervenção do partido junto dos e com as massas juvenis; o estímulo á sua iniciativa, autonomia e capacidade de direcção própria; a responsabilização efectiva dos jovens e a confiança na sua intervenção; a consideração de uma linha de trabalho, propostas, mensagem do partido para a juventude e o recrutamento, enquadramento e responsabilização de mais jovens de diferentes áreas.

Linhas de trabalho fundamentais para ganhar mais jovens, para os valores progressistas e para o ideal comunista. Ganhá-los para a luta por uma sociedade de homens e mulheres livres, onde cada indivíduo tenha o direito de pensar, de agir, de criar, sem medo repressão. Por uma sociedade democrática, solidária, sem exploradores nem explorados, sem opressores nem oprimidos.

Muitos chamam a este sonho - utopia, nós chamamos futuro.

Conscientes das inúmeras dificuldades e obstáculos que se impõem à concretização dos nosso projecto, mas também conscientes dos inúmeros gigantescos passos que o homem tem dado no sentido da sua libertação.

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