Intervenção de Rogério Silva, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

A unidade dos trabalhadores contra a exploração

A unidade dos trabalhadores contra a exploração

A unidade dos trabalhadores foi ao longo da história, determinante no combate à exploração.

A intervenção dos comunistas é inseparável dessa longa caminhada que em Portugal após quase 50 anos de repressão fascista, permitiu aos trabalhadores com o 25º de Abril alcançar a possibilidade de se organizarem livremente nos seus sindicatos.

Foi uma conquista arrancada à custa de muita luta, com o contributo determinante dos comunistas, com o sacrifício de vidas de muitos dirigentes e activistas, feita de avanços e recuos sem a qual a construção da unidade não teria permitido a conquista dos sindicatos pelos trabalhadores, enquanto organizações de classe suas, instrumento para a acção, resistência e conquista de direitos.

O movimento sindical caldeado debaixo da repressão fascista, assumiu sempre como matriz a construção ampla da unidade entre trabalhadores, independentemente das suas filiações e simpatias partidárias, credos religiosos.

Comunistas, socialistas, democratas, ateus, católicos ou protestantes que assumindo enquanto condição de classe, o facto de serem trabalhadores se uniram em torno de objectivos que se opõem aos do capital, no plano económico e social.

(Feito este singelo apontamento histórico, reflictamos sobre a actualidade)?

A unidade na acção dos trabalhadores foi e continua a ser um enorme obstáculo ao capital para intensificar a exploração.

Não poucas vezes, o patronato recorreu a diversos expedientes para minar a unidade dos trabalhadores, foi e é uma realidade que não pode ser dissociada dos contextos políticos vividos em cada fase histórica.

Foi assim logo após o 25 e Abril com o designado «documento Gonelha» cujo objectivo foi desarticular a base organizada dos sindicatos revolucionários no seu insubstituível papel contra a exploração capitalista e na centralidade que assumiu no processo revolucionário.

Mais recentemente na nova fase da vida política iniciada entre 2015 e 2019, com a derrota do PSD/CDS que permitiu abrir um caminho de esperança, ao repor e conquistar direitos, colocou igualmente desafios ás organizações de classe.

O incomodo que tal processo gerou nos centros do capital deu origem a uma nova vaga de divisionismo, que recorrendo a velhas praticas desta vez mais refinadas, jogando na confusão e na mentira, lançando a desesperança, alimentado falsas expectativas assentes no imediatismo, na banalização do recurso a formas de luta com origem em problemas reais e justos que procuraram atacar o direito à greve e isolaram trabalhadores perante a generalidade da população.

O embrião formou-se por via de associações de cariz corporativo que num ápice deram origem à criação de sindicatos de aparência reivindicativa, e que cumpriram ou ainda estão a cumprir o seu papel divisionista, que vão desde o sector automóvel, ao transporte de matérias perigosas passando pelo sector da saúde entre outros.

Existem ensinamentos que os comunistas devem retirar destes processos nunca ignorando a história e com ela aprender a dar o combate que se exige.

Aos comunistas e às organizações unitárias para as quais muitos de nós foram eleitos, cumpre o papel de esclarecer, tomar a iniciativa e de estimular a luta de classes no local de trabalho, tendo na sua génese a resolução dos problemas concretos dos trabalhadores, ser polo aglutinador na luta económica pelo aumento dos salários; no combate ás desigualdades, na melhoria das condições de trabalho, contra o corte geracional entre trabalhadores e em articulação com a defesa dos direitos sociais estimular a luta de massas.

Estimular a unidade na acção entre trabalhadores no local de trabalho, desmontando teses matreiras que visam confundi-la com agendas de que os sindicatos são todos iguais.

Aprofundar as relações de cooperação e acção convergente com as Comissões de Trabalhadores, em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, não deixando espaço para que o patronato se aproprie destas importantes organizações dos trabalhadores por via da eleição de gente da sua confiança.

Assegurar práticas de acção sindical de participação dos trabalhadores na construção das suas reivindicações no local de trabalho e conduzi-los à compressão de que os sindicatos de classe estão ao seu alcance enquanto instrumento transformador, nas dimensões, política, económica, social e cultural.

Vivam os trabalhadores
Viva o Partido Comunista Português

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