Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Subida das taxas de juro decidida pelo BCE agrava ainda mais situação do povo e do País

A decisão do Banco Central Europeu de subir novamente a sua taxa de juro de referência em 75 pontos – no seguimento da subida de 50 pontos realizada recentemente em Julho - encarecendo desta forma as condições em que os bancos se financiam junto do BCE e provocando uma aceleração na subida na Euribor, é profundamente lesiva dos interesses nacionais e das condições de vida dos trabalhadores e do povo português.

Esta decisão do BCE, que invoca a necessidade de controlar a inflação na zona Euro, vai ter um fortíssimo impacto negativo: nas condições de financiamento de países periféricos da zona Euro e altamente endividados como é o caso de Portugal; no financiamento das actividades económicas, designadamente das MPME e na situação de milhões de pessoas que, designadamente em Portugal, têm a maioria dos seus créditos à habitação indexados à Euribor (segundo o BdP, já em Julho deste ano, no seguimento da anterior decisão do BCE, registou-se a maior subida mensal da taxa de juro média destes empréstimos desde 2003).

Os impactos da inflação, que os propagandistas do Euro anunciavam não mais voltar com a moeda única - longe de ser passageira e indissociável das sanções e da guerra, assim como dos aproveitamentos que delas se fazem, da especulação e do aumentos das margens de lucro dos  grupos económicos - devem ser combatidos através de medidas de valorização dos salários, das reformas e das pensões, do controlo dos preços e intervenção pública nos mercados de bens e serviços essenciais. Contudo, as opções da UE e do BCE são as de continuar a privilegiar a acumulação de lucros, seja pelo aumento da exploração dos trabalhadores, seja pela especulação com os preços, seja ainda recorrendo a uma medida de encarecimento do custo de capital como se tem vindo a verificar com a subida das taxas de juro por parte do BCE.

Ao mesmo tempo, esta opção do BCE, representará um ainda maior desequilíbrio entre as condições de financiamento, público e privado, entre os vários estados-membros, aprofundando as assimetrias e desigualdades no seio da UE, prejudicando países como Portugal e beneficiando grandes potências como a Alemanha. Esta decisão do BCE, construída para assegurar os lucros extraordinários do grande capital mesmo que à custa do definhamento económico (se não mesmo recessão) e empobrecimento da população, vem uma vez mais confirmar a necessidade de Portugal recuperar a sua soberania monetária para não estar dependente de decisões de terceiros, que uma vez mais o prejudicam. 

O PCP reafirma que o que a actual situação reclama é uma intervenção do Estado na política de preços e na oferta dos bens e serviços essenciais, bem como o aumento geral dos salários, das pensões e reformas e a aposta na produção nacional.

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