A continuada subordinação de sucessivos governos ao poder económico é um dos elementos que caracterizam a política de direita, protagonizada por PS, PSD e CDS, e que mais corrói a democracia. A utilização do Estado como um instrumento de interesses não declarados tem tido na rotatividade de quadros entre os órgãos de governo e os grupos económicos um elemento estruturante que o PCP tem activa e sistematicamente denunciado e combatido.
Sobre o mais recente caso envolvendo o ex-ministro Manuel Pinho, o BES, a EDP e também o ex-ministro António Mexia, é importante que sejam esclarecidos todos os seus contornos, dando espaço para que as investigações e processos judiciais decorram com normalidade e eficácia. No entanto, a questão coloca-se, além da investigação criminal, no plano político.
O PCP salienta que este, como outros casos, é indissociável do processo de privatizações, da submissão às imposições externas, da recuperação do poder monopolista e da sua relação com a crescente subordinação do poder político ao poder económico.
O escândalo BES/GES foi de resto exemplo flagrante dessa circunstância, tendo então o PCP denunciado que ex-responsáveis políticos e governativos como Manuel Pinho ou Miguel Frasquilho foram, sob diferentes formas, financiados pelo Grupo Espírito Santo.
Sem prejuízo da chamada do ex-ministro Manuel Pinho à Assembleia da República e da Comissão de Inquérito já anunciadas, o PCP sublinha a necessidade de uma avaliação mais abrangente que aborde o conjunto de ligações entre sucessivos governos e as principais empresas e grupos económicos, não apenas no sector eléctrico mas também em sectores como a banca, correios, telecomunicações ou transportes.
O PCP continuará a dar o seu contributo empenhado para a denúncia e combate às situações de subordinação do poder político ao poder económico, como até aqui tem feito, partindo da sua própria intervenção e do seu compromisso com os trabalhadores e o povo.